Em casa, assistindo ao entardecer e
ouvindo Djavan permaneço perdido em minhas reflexões acerca do tempo. Continuo
desconfiado sobre a existência do Presente! Não é raro me ocorrer o pensamento “Estou
aqui e agora!”, o qual me desperta ao momento presente, como se antes estivesse
sonâmbulo no mundo. Procuro então concentrar-me naquilo, cada impressão visual,
sonora e tátil (não cultivo o hábito animal que o homem tem de guiar-se pelo
faro), na esperança de ali capturar a essência do presente, mas este, arisco, escapa-me
como um punhado de areia nas mãos mergulhadas na água do mar! Do presente fica
a memória (imediata, mas ainda assim lembrança) das impressões visuais, sonoras
e táteis do recém ocorrido. Daí decorre que na visita que recebo, em meu
espírito, da frase “Estou aqui e agora!” segue a nostalgia do imediato! Um “quê”
de tristeza, consciente que fico da perda daquilo que vivo no exato instante em
que o vivo! Lá se foi! Comecei a escrever no entardecer, mas agora lá fora já
há estrelas, e do Sol resta fina mancha rosada no horizonte! Do Djavan várias
canções passaram sem que eu me desse conta, concentrado que estava nesta
escrita! Guardo uma pequena relação de momentos que tentei viver o presente,
momentos iniciados pela mesma frase “Estou aqui e agora!”, mas todos agora
estão lançados ao passado! A tentativa de tomar consciência (e posse) do
presente apenas ampliou minha relação mental de “passados”! Fica marcados, como
“pontos de restauração” irrestauráveis! ¹