Sempre mantive um carinho especial pelas
plantas, a ponto de ter amigos que chamam a minha sacada de “trecho de mata
atlântica”. Minha conexão com as plantas não é superficial, pois raramente
cultivo flores (elas acontecem, mas não são o objetivo).
Me admira a vida em si, seja a do imponente Ipê-Roxo que cresce ali na esquina, seja a minúscula floresta de musgos que se acumulam em alguns dos meus vasos. Minha admiração pela vida levou-me a um relacionamento de muito respeito com ela e, sobretudo, ensinou-me a vê-la mesmo onde é ignorada. Não poucas vezes recusei-me a jogar fora algum arbusto seco, cuidando daquele esqueleto de planta por meses, sem desistir, até que finalmente as folhas se apresentam.
Me admira a vida em si, seja a do imponente Ipê-Roxo que cresce ali na esquina, seja a minúscula floresta de musgos que se acumulam em alguns dos meus vasos. Minha admiração pela vida levou-me a um relacionamento de muito respeito com ela e, sobretudo, ensinou-me a vê-la mesmo onde é ignorada. Não poucas vezes recusei-me a jogar fora algum arbusto seco, cuidando daquele esqueleto de planta por meses, sem desistir, até que finalmente as folhas se apresentam.
Certa vez, caminhando pela rua, passei
com meu filho por um galho pouco menor que um metro, arrancado do ipê
supracitado por algum vândalo desalmado ou um caminhão muito alto. Meu filho,
herdeiro de meu amor pela vida, quis recolher a planta já ressecada. Aceitei
levá-la para casa e transformá-la na primeira árvore de meu filho. Com os
cuidados adequados aquele galho seco começou a lançar raízes e apresentar
folhas. Teria sido um sucesso total, não fossem as visitas de um gato da
vizinhança ¹ que, remexendo com frequência a terra do mesmo vaso, acabou
matando a planta. De qualquer forma, aprendi com meu filho a expandir meus
horizontes em relação à esperança que tenho na Força da vida, uma vez que teria
desprezado aquele galho, por mais que eu admire aquela árvore.
Hoje, voltando para casa, percebi numa
das ruas da vizinhança um flanboyant ² em flor, com dois pequenos galhos caídos
no chão. Eu estava de carro, mas decidi deixar-me conduzir pelo absurdo. Parei
uns 10 metrôs depois da árvore (demorei o tempo de percorrer este espaço para
decidir que não deveria ter seguido), retornei, desci do carro e apanhei os
galhos.
Minha esperança é que vinguem, para
presenteá-los ao meu amado filho em retribuição pela aula de confiança na vida
que tive anteriormente. Quero ver esta árvore crescer imponente para que me
lembre, a cada floração, de jamais desprezar a menor centelha de vida!
Nota:
¹
Que
conste nos altos: Eu não sou perfeito. Procuro salvar a vida de galhos secos.
Lamento ter que matar algum inseto, porém, que vontade tenho de envenenar este
felino “dos infernos”.
²
Me apaixonei pelo vermelho intenso das flores desta árvore em visita à
Condeúba, cidade de meus avós paternos. Muito me alegrou descobrir que não é
rara em São Paulo.
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