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domingo, 3 de maio de 2015

Falta de água é um bom negócio

Resido em Itaquera, Zona Leste de São Paulo, mais uma dentre as não poucas áreas assoladas pela constante falta de água, não obstante as garantias do governo do Estado de que não haveria racionamento.

            A discussão sobre os motivos que nos trouxeram ao ponto em que estamos é prolífera e não tenho muito para acrescentar, é fato que alertas foram ignorados e a coisa toda foi pessimamente planejada e administrada. É para outro ponto no mesmo assunto que quero chamar a atenção, o cenário atual pode não ser proposital, mas é extremamente lucrativo!
            Explico: No meu bairro a falta de água é diária (isto não é hipérbole, falta água TODO DIA DE VERDADE), voltando apenas à noite para encher as caixas. Toda vez que a água volta ela sai “tossindo” das torneiras. Esta tosse acontece pela alta pressão com a qual a água retorna, precipitando-se em tubulações até então vazias (cheias de ar, na verdade), e por isto mesmo enchendo-se de bolhas de ar. O leitor dirá que estou atrasado e que faz tempo que inventaram hidrômetros que são capazes de desprezar o ar. Respondo que é o senhor que está atrasado (talvez), pois mesmo considerando esta questão, há ressalvas.
            Pensemos na forma como a água retorna. Neste retorno há dois momentos. No primeiro a água está empurrando a massa de ar enquanto avança pelas tubulações, o que podemos perceber como um tênue sopro nas torneiras pouco antes da água chegar. Muita gente tem medo de pagar por este sopro e toda a propaganda sobre os hidrômetros melhorados debruça-se sobre esta questão. Todos desprezam o segundo momento, no qual a água já chegou, não há mais sopro, mas está repleta de bolhas, estas responsáveis pela “tosse” das torneiras. Minhas paredes e encanamentos não são transparentes, assim, tudo o que me resta é deduzir como deve ser esta água. Parte das bolhas (e isto é bolha pra caramba) está na água quando a pegamos com um copo. A água fica quase branca, leitosa, e muita gente acredita, equivocadamente, tratar-se do cloro. Chegam a deixar a água parada, esperando o “cloro”, que na verdade são apenas milhares de bolhas minúsculas, sair. Além das milhares de bolhas microscópicas há bolhas maiores, intervalos repletos de ar correndo com a água que devem ter volume de até alguns centímetros cúbicos. É justamente quando estes intervalos atingem a saída da água que vemos as “tossidas”.
Ora, pode até ser que alguns hidrômetros sejam capazes de desprezar o sopro que antecede a água (e nem vou entrar da discussão do imenso número de hidrômetros que ainda nem foram substituídos), mas duvido muito que sejam capazes de desprezar as “tossidas”, portanto, bairros inteiros são onerados diariamente com a mediação de água “misturada” com ar.

Também não vou levantar a questão da falência ou não da Sabesp, mas é mais que evidente que uma cenário de falta de água diária para milhares de residências leva – na forma de água cobrada mas não fornecida - a um belo aporte na renda mensal da instituição.

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