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Há anos ocorrem ricos diálogos sobre Civilização Humana e Filosofia, Teologia, História e Cultura em geral! Tudo que possa interessar a alguém que espera da vida um pouco mais que outra temporada de BBB! Após diversos convites a tornar públicos estes diálogos, está feito! Quem busca uma boa fonte de leitura, por favor, NÃO VISITE este site. O que esperamos, de fato, é a franca participação de todos, pois não se chama “Outros Discursos”.

sexta-feira, 3 de junho de 2016

Vá pra Cuba!

Nestes tempos doentios de lutas pseudo ideológicas regadas com altíssimas doses de intolerância e incoerência, algumas inferências tornaram-se verdadeiros jargões das partes envolvidas.
O "Vá pra Cuba!" é a palavra de ordem e rota de fuga dos defensores do pensamento "direitista", da qual se valem quando não tem mais argumentos contra um eventual interlocutor cuja opinião seja divergente. Ignorantes do significado de termos como "esquerda", "socialismo","comunismo" e afins, decidem que o comunista é algum tipo de demônio social e toda opinião contrária reduz o interlocutor à pitoresca classe de" Petista petralha esquerdopata comunista", sendo imperativo que retorne à sua terra natal, Cuba. É provável que demonstrem mais cordialidade para com um membro confirmado da Al-Qaeda que para um compatriota com camiseta vermelha. Levar a discussão à agressão verbal e esta à agressão física tornou-se banalidade. Em um cenário assim o "Vá pra Cuba!" chega a ser demonstração de civilidade.
Não pretendo, porém, defender a turma de camisa vermelha. Ou melhor, defendo o Vermelho, enquanto símbolo do socialismo; abomino-o cada vez que é reduzido a mero uniforme Petista. Meu primeiro professor de Filosofia, na oitava série do ensino primário, disse que há três tipos de pessoas:
O conformado, o revoltado e o inconformado. Do conformado não há muito o que dizer. Ele está conformado e segue a vida. Como está, está bom. "Não reclame. Trabalhe.".
O revoltado anda em círculos. Volta, volta de novo, REvolta. É o cara que recita o mantra que dá nome a este texto, que bate panela, chama a Dilma de vaca. Não faz ideia da origem dos problemas (e com isso não inocento a Dilma. Pode até ser honesta, mas isto não a torna menos imperita), no fundo nem mesmo quer que acabem, afinal perderia a desculpa para a revolta; o retorno à suposta zona de conforto basta; ele achou mesmo que o impedimento da Dilma bastaria para isso.
O Inconformado luta. Não se submete à forma vigente, seja a dos conformados, seja a dos revoltados. Não vai pra Cuba. Não foge, pois não está voltando à Zona de Conforto, está construindo uma Zona de Paz. Não confunda aqui paz a ser construída com "silêncio obsequioso" no presente. A construção da Paz futura PARA CADA BRASILEIRO pressupõe uma guerra violenta agora CONTRA A PAZ DE POUCOS.
Paz seletiva, conforto seletivo, shopping seletivo, universidades seletivas, acesso à saúde seletivo, é isso que os revoltados querem. Que seu conforto e direitos sejam edificados sobre o "menos para outros". Mascaram-se de caridosos (e certamente se REvoltarão contra este texto), mas na verdade abominam a paz para o próximo. É por isso que abominam qualquer discurso socialista. Pregam uma meritocracia que nunca é aplicada, e ainda que fosse, quem decide o mérito? O sujeito que defende a tal meritocracia é o mesmo que abomina a igualdade social, afinal, quem lavaria o seu banheiro? Por outro lado, se você pensar honestamente em meritocracia, sem nem mudar seus termos, ou seja, defendendo-a com as mesmas argumentações dos revoltados, perceberá que ela nunca aconteceu.
Ora, se quem trabalha mais merece maior reconhecimento, porque o sujeito que passa a noite retirando o seu lixo ganha tão pouco? Você poderá querer vincular o mérito à escolaridade. Pois bem, então quem é você para ganhar mais que seus professores? E os executivos das empresas? Tenho longa experiência profissional e posso afirmar que dois terços deles não estão minimamente capacitados para ocupar seus cargos. Cometem erros grosseiros, erros que qualquer graduando perceberia serem infrutíferos, quando não catastróficos, e, adivinhe, quando a empresa vai mal é a estes senhores que é confiada a recuperação e é pela base da empresa, a qual muitas vezes trabalhou arduamente para reduzir os danos, que começa o "enxugamento" das despesas. Quem estes senhores são para merecer salário maior que o do meu orientador na iniciação científica? E a política? Fico tonto quando penso neste bando de incompetentes ganhando o que a maior parte de nós nem sonharia. Merecem? O que são além de um terno e uma campanha publicitária milionária? 
Sou totalmente a favor da meritocracia. A pergunta é: seus atuais defensores, os revoltados, estão preparados para ela? Ainda que não, fiquem tranquilos. Não os mandarei para Miami, Disney ou Londres. Mas estejam cientes: Sou um inconformado. Somos uma legião de inconformados e não entraremos em vossas formas, nem aqui nem em Cuba. Não iremos para Cuba. Repito, não iremos para Cuba. Mais uma vez, não iremos para Cuba. Todo o conforto baseado no "menos para alguém" será aniquilado.

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