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Há anos ocorrem ricos diálogos sobre Civilização Humana e Filosofia, Teologia, História e Cultura em geral! Tudo que possa interessar a alguém que espera da vida um pouco mais que outra temporada de BBB! Após diversos convites a tornar públicos estes diálogos, está feito! Quem busca uma boa fonte de leitura, por favor, NÃO VISITE este site. O que esperamos, de fato, é a franca participação de todos, pois não se chama “Outros Discursos”.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

A Falácia do Consumo

       A quase totalidade dos amigos que vierem a ler este texto aprecia o Futebol, alguns com devoção quase irracional por determinado time. Pensa-se que expressam Liberdade por admirar este time e não aquele; Ilusão!


       Coloca-se uma chupeta do “São Paulo” em um bebê de meses; Camisas do “Corinthians” ou “Palmeiras” para crianças de dois anos; Os adultos se alegram extasiados diante de um pequeno que mal aprendeu a falar, mas já canta trechos semicompreensíveis do Hino do “Vasco”; CONDICIONAMOS estas crianças ao fascínio e/ou fanatismo; Onde quero chegar? Ao ponto de que boa parte dos aficionados por Futebol que leram o que expus incomodaram-se com a idéia de que seu gosto não seja uma escolha legítima, mas sim um condicionamento; Preferiram repudiar minha idéia à reconhecer a falácia de sua obsessão pela “camisa”. Não os condeno; Não é “pecado” seu amor pelo Esporte! O que quero que observem neste exemplo é que qualquer denuncia sobre os excessos do Consumismo (sexo, drogas, tecnologia, automóveis, roupas, etc.) será igualmente repudiada pela ilusão de que seu desejo de Consumo é um ato livre. Ignorando o condicionamento recebido dos pais, amigos, colegas e mídia, seguirão consumindo.
       Não é simples mudar a legislação ou a política, pois políticos e legisladores são, em primeiro lugar, consumidores. Não é adequado taxar de vilões os publicitários ou mesmo os executivos das industrias, pois em última instância, mesmo que seja ilegítimo o consumo que impõe à massa, o fazem para ter lucro, o qual em seguida será aplicado no Consumo (sempre o Consumo) de outros produtos; são tão reféns deste vírus (o Consumismo) quanto qualquer homem comum. Aqui então entra um desafio sério ao pensador contemporâneo. Como formador dos futuros executivos, publicitários, políticos, legisladores, consumidores em geral, estará ele pronto para reconhecer a falácia dos próprios Padrões de Consumo, transformando os próprios hábitos antes de convidar os demais à tal mudança?

13 comentários:

  1. Olá!

    Parabéns pelo post! Porém discordo que o lucro dos patrões voltem ao consumo, pois todo o lucro colossal que é arrecadado vai para engordar a conta bancária desses sujeitos que são venerados através da mídia. Não obstante, eu como homem comum não me sinto vítima do consumismo, sou plenamente capaz de perceber o que está em nossa volta e assim controlo tranquilamente o meu consumo, isto é valorizando sempre o ser humano antes de qualquer coisa.

    Sigam-me também:

    bocadainternet.blogspot.com

    Um grande abraço e até mais.

    Anselmo

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  2. Boa Noite!
    Agradeço pela visita e, sobretudo, pela participação. Fiquei curioso com o ponto de discordância oferecido, assim, gostaria que falasse mais à respeito. ME PARECE que a sociedade, ao venerar o acumulo financeiro de determinados grupos ou indivíduos, no fundo, admira o poder de compra (Consumo) que ele conquista, mesmo que potencialmente; a mansão de A, a coleção de carros e/ou vinhos de B, o luxo da festa de casamento de C, etc. O senhor apresenta, penso, outra interpretação, sendo o acumulo da riqueza algo de maior destaque que aquilo que ela proporciona ou poderia proporcionar!
    Espero que tenha tempo e disposição para falar mais à respeito, garantindo assim, discussão, troca e aprendizagem, objetivos últimos do presente espaço.
    Um cordial abraço!

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  3. Sugiro a todos a visita a este vídeo para o enriquecimento do nosso diálogo!
    Café Filosófico: http://bit.ly/kHpptV

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  4. Olá Marcelo!

    Obrigado pela visita ao meu blog. E sim, o acúmulo de riqueza é parte representante do chamado "status" do indivíduo, a partir daí se dá o que vemos distribuídos orgulhosamente em "rankings" pela mídia em geral, dos quais elegem os mais ricos do mundo, do país e etc... Isto cai sobre os espectadores como um "exemplo" de homem sobretudo inteligente(que até poder ser), interessante, visionário, isto é, digno de respeito. Ignorando os atributos de um homem que realmente merece respeito, que são: Bondade de caráter, generosidade, moralidade, ética, altruísmo e fraternidade entre as principais.

    Um breve comentário.

    E um grande abraço.

    Anselmo

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  5. Caro Marcelo.

    Há um problema enorme na transformação dos próprios atos, como sugere. Somos peças tão envolvidas com o funcionamento da máquina de consumo que nossas próprias engrenagens não funcionariam sem o maquinário completo.
    Minha esperança seria um novo sistema econômico que desse conta de transformar, muito gradativamente, todo o funcionamento da coisa. Acredito piamente que algo grande está para acontecer. Só não sei o quê, até porque entendo pouquíssimo de economia. Mas o que parece ser visível é que o capitalismo está entrando em estreita derrocada. Daí virá a mudança e o novo. A história nos conta que o processo é esse. Abandono gradativo de uma mentalidade acontece somente em momentos de crise. Acho que estamos começando a viver essa transição.

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  6. Entendo a questão do "status" do Anselmo, mas continuo com dificuldade para ver em que isto contradiz o texto original, já que o "ranking de riqueza" não é baseado em saldo bancário (não exclusivamente), mas sobretudo patrimônio geral destes indivíduos ou grupos.
    À Luciane digo que tenho esperança semelhante, porém, toda vez que reflito à respeito não sou capaz de conceber um sistema econômico alternativo ao vigente!!!

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  7. Olá, Marcelo.
    Boa escrita. Concordo que o consumismo é decorrente de um condicionamento, tendo em vista que vivemos numa sociedade mercantil baseada no consumismo e composta não por cidadãos, mas por consumidores. Entretanto discordo quando aponta para o consumismo como causa com fim em si mesmo, fator isolado e alienado do lucro, quando, entendo, é decorrente, efeito, do lucro. Para ilustrar, H. Ford, quando sua empresa já funcionava em moldes de linha de produção, alguns anos após de ter vendido milhares de unidades, deu-se de frente: a estagnação – suas vendas começaram a cair. Chamou então alguns “especialistas”, que logo identificaram o motivo: os carros, feitos em modelo único, o “T”, eram feitos para durar. Assim, Ford diversificou a produção, criando novos modelos, de diferentes cores, e menos duráveis. O que quero dizer é que o consumismo é inerente ao capitalismo como resultado direto da razão de ser do modo de produção capitalista: o lucro. Não se trata de taxar, de maneira maniqueísta, os vilões e os mocinhos, mas sim de identificar na prática dos executivos, industriais e publicitários que da busca por lucro demanda o consumismo.

    Abraços.

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  8. Amigo Bruno, Muito Boa Tarde!
    Por favor, não me interprete como o chato, como se me julgasse dono do presente espaço e não tolerasse discordância! O contrário disto é que me faz responder agora ao senhor, confessando minha limitação intelectual. Tanto o senhor quanto o amigo Anselmo apresentaram falha em minha visão de consumo com fim, retomando o pensamento vigente do consumo ser o meio e o lucro o fim. O que peço ao senhor não é em tom de desafio; não é uma tentativa de refutar-lhe, mas sim a honesta busca de compreender o que me diz. Eu realmente tenho dificuldade em compreender este conceito de "Tudo por lucro", vendo sempre em tudo, até no lucro, um "desejo de consumo". Isto posto (e repito, não é um desafio, é um pedido), gostaria que me explicasse melhor esta questão, sobre como é possível o lucro por lucro, sem qualquer intenção de gasto para o fruto deste lucro, sem qualquer consumo posterior?
    Muito Obrigado!

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  9. (1)
    Grande Marcelo, olá.
    Não interpreto como chatice ou arrogância o fato de tentarmos buscar novas formas de pen-sar e entender o mundo. Ao contrário, penso ser este o modo de nos aprimorarmos. Entendo ainda que não se trata de expressar verdades, mas de tentar perceber a realidade que nos cerca. Adianto que tenho consciência de que minhas opiniões são “uma opinião” e não “A opinião”, portanto o que busco é entendimento e não “combates” ideológicos. Por isso não entendi sua proposta em tom de desafio, mas como tentativa de entendimento.

    Quanto ao conceito de “tudo por lucro”:

    Acho por bem, antes de tudo, por razões de organização mental de minha parte, diferenciar consumismo e consumo: este último, entendo, é o consumo em si, comer, beber, usar, enfim, consumir; o primeiro me parece algo desenfreado, que não se cabe em apenas obter e utilizar até o fim um determinado produto, mas obter e utilizar sempre o mais novo, sempre mais, antes que aquele produto obtido se esgote, ou seja, consumir apenas parte de um produto e logo obter outro, seja por desejo de
    ter ou pelo “status” de ter.

    Isto posto creio que possamos passar ao lucro como fim.

    Segundo o ponto de vista do materialismo histórico-dialético o lucro se origina do sobretraba-lho (trabalho não pago), isto é, mais valia, e este lucro não tem como fim o consumo, tendo em vista que para acumular é necessário não consumir. Portanto o “fim” (finalidade) do siste-ma capitalista pode não ser o consumo, mas a acumulação do capital.

    Isto porque o acúmulo do capital pode ser aplicado não apenas em consumo (compra para consumo), mas em mais capital, na forma de capital financeiro (investir em bens de longa duração como casas, jóias, etc.) ou bens de produção (capital constante = meios de produção como industrial, máquinas, etc; capital variável= compra de força de trabalho, isto é, o salário) para, por sua vez, produzir mais capital...

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  10. (2)
    A forma dinheiro também confere “qualidades” a quem o possui acumulado que não decor-rem do consumo (educação, beleza, erudição, não no sentido de boas escolas ou salões de estética, mas sim em apresentação pessoal – rico=belo e educado) e poder das relações sociais (político e econômico). Ademais não se podem consumir relações sociais, como companhia, amizade, carinho, polidez, gentileza, mas quando se goza de status de acumulador de capital (o rico) se obtém isso mais facilmente, como um tipo de subserviência ao “status" conferido pelo dinheiro.

    Desta forma, se insistir que o dinheiro assume forma de poder inversor, isto é, fazendo com que quem o possua assumas suas qualidades (se o dinheiro é honesto, mesmo que eu não seja honesto, quando o possuo, sou eu, também, honesto, e assim por diante...) podemos entender que sua acumulação não visa simples consumo, mas algum tipo de prevalecência nas relações sociais (capitalistas) da sociedade atual, calcada não no simples mercado de troca (este sim, consumo), mas na acumulação de capital (lucro).

    A finalidade da produção de um determinado setor não é a venda, e portanto o consumo?

    Sim. Mas a finalidade do consumo (venda) é a acumulação de capital (lucro), já que mesmo que um capitalista farte-se com o que há de mais caro a ser consumido (comprado) não o fará de forma que deixe de possuir capital acumulado, pois se não detiver capital (ou dinheiro) deixará de ser capitalista, perderá sua capacidade de reproduzir e acumular seu capital e pas-sará a ter de vender sua força de trabalho, tornando-se assalariado, perdento toda a mística que o dinheiro lhe conferiu...

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  11. (3)
    Entendo que disso se origine o consumismo entre as classes trabalhadoras, que permeadas pela ideologia dominante, travam-se em uma muralha de fumaça e, na impossibilidade de vislumbrar o todo (não por incompetência, mas justamente por causa da ideologia e do pen-samento único, introjetadas desde tenra idade – disso você deve saber tanto mais que eu, então não me arriscarei muito neste campo), admitem uma relação ideal entre trabalho, de onde se obtém salário para conseguir consumir, gerando trabalho, portanto salários, etc. (trabalho-salário-consumo-trabalho-salário-ad infinitum), fazendo com que a causa real do consumismo, e, portanto, das mazelas por ele causadas (destruição do meio ambiente, etc.), que é o acúmulo de capital (lucro) desapareça da equação, tornada, finalmente, natural.

    Por isso entendo que o consumo não é a finalidade do sistema político-econômico vigente.

    Não sei se consegui me fazer entender. Assumo que tenho dificuldade disto.

    Mas, afinal, é isso.

    Aguardo suas impressões.

    Grande abraço.

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  12. Também acho que não devemos impor nada irrelevante aos filhos. Sei que é um problema em definir o que seria "relevante" na educação dos filhos, mas somente numa minoria de casos. Nos casos limítrofes. Na maioria é fácil saber o que será importante para a constituição de um cidadão.

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    1. Pois é, meu amigo!
      "Na maioria (das vezes) é fácil saber o que será importante para a constituição de um cidadão", porém, será que interessa fazê-lo??? Eu sei como você criará seus filhos e como estou criando o meu, não obstante, receio que pais preocupados em gerar "filhos-futurospais-cidadãos" seja uma espécie em extinção!

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