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Há anos ocorrem ricos diálogos sobre Civilização Humana e Filosofia, Teologia, História e Cultura em geral! Tudo que possa interessar a alguém que espera da vida um pouco mais que outra temporada de BBB! Após diversos convites a tornar públicos estes diálogos, está feito! Quem busca uma boa fonte de leitura, por favor, NÃO VISITE este site. O que esperamos, de fato, é a franca participação de todos, pois não se chama “Outros Discursos”.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Olhar para o Simples!

Eu trabalho no 9º andar de um pequeno edifício no centro de São Paulo. Na tarde de ontem, em busca de um café (sou viciado em café), tive de subir ao 10º andar, uma vez que a máquina de café de meu andar estava em manutenção. Na minúscula e deserta copa, após pressionar o botão “cappuccino” e enquanto aguardava o preparo da bebida, observei um pequeno pedaço de papel esquecido sobre o balcão no qual se almoça. Sem preocupar-me com detalhes ou precisão, o rasguei em alguns pontos e dobrei em outros, formando assim um helicóptero de papel que havia aprendido a fazer em minha distante infância. Trata-se de um objeto simples, com duas hélices e um pendulo; quando lançado ao ar cai, mas as pás retardam a queda e giram o conjunto ao redor do próprio eixo, como algumas sementes de árvore.
O interessante foi o fenômeno observado ao lançá-lo da janela do 10º andar. Não sei se o calor externo gerava alguma corrente ascendente ou se a configuração dos prédios tornava vertical algum vento horizontal que por ali passava; o fato é que o objeto não caiu; girava freneticamente como era de se esperar, mas pairava na região abismal frente à pequena janela da qual o assistia tomando o amargo café com pouco leite e muita água chamado “cappuccino” pela empresa responsável pela máquina. O objeto assistido por vezes perdia a força, descendo à altura do 9º andar, noutros momentos a recuperava, elevando-se para além do 12º. Tomava coragem e aventurava-se para mais de 10 metros de distância da janela da qual procedia – um filho abandonando o pai para seguir a própria vida!
Ele não caiu enquanto estive lá, talvez o único ser vivo a presenciar aquele momento único no Universo, o qual jamais se repetirá. O trabalho obrigou-me a dar-lhe as costas, assim, ignoro por onde passeou, por quanto tempo voou e onde aterrissou. O fato é que desde então - e por isto escrevo agora - fiquei a me perguntar, neste mundo de telejornais e novelas, e-book’s, laptop’s e IPad’s, carros importados, viagens, trabalho, lucro, consumo, prazer, etc., quantas vezes as pessoas se permitem fitar o simples? Acompanhar a suave decida de uma pena desprendida de um pássaro! A lenta viagem de uma nuvem e suas mudanças de forma neste caminho! A incessante labuta das formigas! O amarelar das páginas e um bom e velho livro! o sorriso de um filho e a inocente incoerência de seus discursos! Tanta coisa, em tão curta vida! Tanta beleza desperdiçada, tanta riqueza ignorada! Até quando ficaremos olhando o lado errado? Em qual momento despertaremos para o que tem real valor? Quando aprenderemos a Olhar para o Simples?

5 comentários:

  1. Caramba Marcelo! boa chamada de atenção...

    Só me resta replicar o link do texto no twitter, para que as pessoas vejam esses pensamentos. Talvez eles voem, como seu pequeno helicóptero...

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  2. Se voarem, será muito bom, meu bom amigo!

    Porém, ainda que não aconteça, terei comigo a satisfação de saber que me cerco de pessoas que olham para a mesma direção, todos com seus próprios helicópteros!

    Não é justamente isto, o fato de olharmos minimamente para a mesma direção, o que engendra, mantêm e aprofunda a nossa não recente amizade???

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  3. Olá Marcelo!

    É verdade! Porém o erro já começa por se referir à essas coisas por "simples", sendo que na verdade são coisas "grandes" e importantes.

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  4. Boa Tarde!
    Anselmo, tem toda a razão. Falha minha! De fato, coisas realmente "grandes" e importantes!
    Vinicius, muito obrigado pelo comentário! Excelente não é o texto, mas sim as pessoas que, antes mesmo desta escrita, já olhavam a direção por ele indicada!

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