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terça-feira, 27 de setembro de 2011

Ensaio – O Fim do Tempo


1ª Parte


A reflexão que segue decorre de minhas próprias inclinações metafísicas, portanto, é isenta de “verificabilidade” científica, destinada que é ao campo especulativo! Que seja menos início de doutrina que gérmen de novas reflexões!

Em publicação anterior ¹ havia apresentado uma breve reflexão sobre o Tempo, sob meu próprio ponto de vista. Desejo agora aprofundar-me nesta discussão, uma vez que o tema retorna com frequência ao meu espírito. O Tempo é um derivado direito do movimento, uma vez que sua constatação ou medição só é possível em decorrência da observação de algo que muda ou se move. Se, por um exercício de abstração, concebemos um conjunto de corpos em absoluta estática, o interior deste ambiente será isento de tempo, uma vez que não há qualquer mudança que permita a comparação entre uma situação A e outra situação B. Um físico ou matemático poderia censurar tal conceito, relatando que ainda que a situação A seja idêntica à B ainda é possível a medição relativa de tempo, uma vez que a primeira situação tenha sido observada em um momento A’ e a segunda foi observada em momento posterior B’. Esta noção me parece-me inexata, uma vez que contaminamos o ambiente, antes isento de movimento, com um corpo em movimento, seja meu cronometro, seja meu espírito, plenitude de movimento, sempre fluindo nos moldes da duração bergsoniana ². A condição de possibilidade dos momentos A’ e B’ é a existência de um observador o qual está em constante movimento. Não obstante, caso viéssemos a expandir a ausência de movimento deste pequeno conjunto para a totalidade do Universo e, sobretudo, para o interior do espírito do sujeito que a observa, eliminaríamos o Tempo, criando um eterno momento A’ impossibilitado de ir ao B’. Tal constatação não é absurda quando discutimos corpos no espaço, matéria em geral. O que me surpreende, de fato, é encontrar certa identidade entre esta constatação meramente física (comportamento dos corpos) e a forma de operação do meu espírito (comportamento subjetivo). Explico: Esta conexão direta entre movimento e tempo é experimentada de forma mais profunda, na alma humana, em termos de presença e ausência. Fragmentamos nossa noção de tempo em três grandes impérios, O Passado, o Presente e o Futuro. Se minha visão for minimamente verossímil, estes três domínios temporais são redutíveis a duas situações físicas, a presença e a ausência. No interior da alma humana, Passado é Saudade de algo ou situação ausente (de fato, por vezes, alívio pela ausência) e Futuro é expectativa em relação a algo ou situação que agora está ausente; Presente é, justamente, presença!

Notas:
² Henri Bergson, em minha própria interpretação, procuraria evidenciar que o Tempo da ciência é “espacializado”, mas que o Tempo Real deve ser visto como independente do espaço. O tempo homogêneo da física deveria ser suplantando por uma compreensão filosófica (heterogênea) de tempo, a Duração.

4 comentários:

  1. Texto muito bom. O tempo ás vezes poderíamos dizer que é algo sem explicação. O tempo não para e portanto temos que viver intensamente cada momento de nossas vidas ao lado das pessoas que nos cercam. Temos que dar algum sentido as nossas vidas, para que os três impérios acimas sitados não fiquem num vazio eterno. Não podemos viver vários momentos ao mesmo tempo, temos que viver um de cada vez. Não podemos está em vários lugares ao mesmo tempo, só podemos está em apenas um de cada vez. O tempo pode nos deixar preso em uma só coisa caso a gente não saiba como dividi-lo. Não podemos também deixar que o tempo passe e ninguém nos perceba. O tempo é real, que vivamos-o com intensidade.

    Espero que tenha gostado da minha reflexão.

    Twitter: @ChrisTorresDM

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  2. O tempo é algo muito ávido(incompreensível , ainda que exista um esperança dentro de mim que ainda entenderemos esse termo)e por isso para compreende-lo precisamos ''avalia-lo'' como ele é: desumano.precisamos portanto excluir a possibilidade de interpretações.
    O universo existe,e ele independe da existência humana.E assim acredito que é o tempo independente de nós (seres humanos), mas não afirmo que ele independe do universo , quem sabe ele (o tempo) exista apenas nesta dimensão?
    O mais incrível é que vivenciamos o tempo ,e ele esta presente em nossas vidas e mesmo assim não podemos explica-lo com nossa finita e limitada visão.
    Como dizia Friedrich Nietzsche:''Não poder destruir a avidez transbordante do tempo, é a angústia mais solitária da vontade.''
    @ValeriaCurcii

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  3. Caro @ChrisTorresDM!
    Concordo com o senhor acerca da Realidade do Tempo! O que me incomoda é vê-lo escapar por entre os dedos, por mais que nos esforcemos para viver cada momento!
    Como bem indicou, impera que demos algum sentido à vida, porém, acabamos por cair numa discussão muito antiga! Terá a vida um sentido ou cada sentido a ela dado é um construto do homem por não tolerar a ideia do acaso?
    Eu, particularmente, tendo à primeira hipótese, mas minha opinião de modo algum encerra o assunto!
    Grato!

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  4. Boa Noite @ValeriaCurcii!
    É um tanto perspicaz a sua interpretação do tempo, com a qual concordo. A avidez do tempo do tempo, devorando cada segundo de nossa existência, rouba-nos o presente e torna tudo passado. É, sem dúvida, angustiante esta certeza, mas não creio que seja definitiva.
    Se mantivermos a nossa discussão no sentido de "Humanizar o Universo", sem dúvida será infrutuosa, de conclusões falaciosas.
    Se, por outro lado, mantivermos o caminho de "Universalizar o homem", expandindo seu potencial cognitivo, aí talvez transformar esta "nossa finita e limitada visão".

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