A reflexão que ora transcrevo não é
inédita, uma vez que ocorre ao meu espírito desde meados de 2003/2004, época na
qual tive minhas primeiras experiências na atividade docente. A solidão que
experimentei ¹ não era triste, tampouco perturbadora, simplesmente uma constatação,
o “dar-se conta” de uma característica intrínseca à existência humana: todas as
vidas seguem! Ela se manifestava com periodicidades e magnitudes específicas:
· Ao final de cada
dia, no momento em que a última turma se afastava da sala, dando lugar ao
silêncio, este virtualmente impossível poucos minutos antes.
· Ao final de cada
curso, encerrado o compromisso para com aquela turma. O ultimo silêncio em
relação à ultima onda sonora, tão peculiar aquela específica turma.
Não quero falar de sentimentalidades,
não escrevo aqui um tratado sobre Saudade ². Quero falar deste vórtice de vidas
que é o professor! Embora naturalmente móvel, como todos os espíritos ³
humanos, ele representa uma espécie de marco, um ponto fixo, um monólito 4
através do qual vidas vem e vão, todas elas sempre transformadas durante este
processo, todas elas sempre transformando aquele pelo qual transitam. O
professor é aquele que está à frente, aguardando os novos que chegam, mas
também é aquele que fica para trás, enquanto as jovens mentes partem em busca
de novas aventuras.
A experiência docente extrapola a
relação paterna/materna, colocando sob sua responsabilidade vidas que não
foram concebidas por você, personalidades únicas que te cativam mas que, assim
como os filhos, não podem ficar para sempre presas àquela turma, àquela sala,
àquela escola. É uma experiência muito rica, na qual até mesmo a solidão é
gratificante, pois é evidência de que, ao menos em parte, sua tarefa foi
cumprida, estando aquele grupo apto a seguir por conta própria.
Para trás fica o professor, sempre
torcendo pela felicidade dos que seguiram! À frente está o professor, sempre
pronto para receber e apoiar os que iniciam esta jornada!
Notas:
¹
Jamais entrevistei outros professores para identificar se era algo comum.
²
Ainda que ela aconteça!
³
Ou como deveriam ser todos os espíritos. Salvo aqueles despedaçados enquanto os
cérebros que os abrigam derretem frente à algum aparelho de televisão.
4 Referência ao filme “2001: Uma Odisseia no Espaço” (1968)
Perfeito!!!! Tenho os mesmos sentimentos e não acho que sou apenas romântica!!!
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