Cabeçalho

Há anos ocorrem ricos diálogos sobre Civilização Humana e Filosofia, Teologia, História e Cultura em geral! Tudo que possa interessar a alguém que espera da vida um pouco mais que outra temporada de BBB! Após diversos convites a tornar públicos estes diálogos, está feito! Quem busca uma boa fonte de leitura, por favor, NÃO VISITE este site. O que esperamos, de fato, é a franca participação de todos, pois não se chama “Outros Discursos”.

segunda-feira, 12 de maio de 2014

Gerações

     Aqui vai uma reflexão curta. Como não tem finalidade prática (alguma das anteriores teve?) nem profundidade conceitual (idem), escrevo apenas para registrar uma ideia: Um Fenômeno nas Gerações.
     Algo aconteceu entre as gerações do século XX que, parece-me, não teve precedente, não terá repetição e não foi registrado. Primeiro falemos de tecnologia: Certo dia, não é difícil imaginar (principalmente se você já assistiu "2001 - Uma Odisseia no Espaço"), um hominídeo pegou o fêmur de um antílope recém devorado e arrebentou a cabeça de um membro dalgum grupo rival: Tecnologia. Tempos depois lascaram pedra, poliram pedra, derreteram metal: Tecnologia. Pintaram caverna, parede, rosto, riscaram papel: Tecnologia. Arado, carroça, vapor, gasolina, etc.
     Também não é difícil imaginar a disseminação mais ou menos tranquila de cada nova ideia. Alguém fazia algo de certo modo ou com certa ferramenta. Surge alguém com nova ideia. O primeiro testa e absorve, ou propõe um terceiro caminho. Dialética prática. Você conseguirá, facilmente, recorrer à literatura sobre História para enumerar momentos de tensão frente a alguma novidade. Não importa! São gotas frente ao oceano de novidades derramado de milênios de criatividade humana.
     No Século XX, porém, o aumento exponencial da capacidade e velocidade criativa esmagou a capacidade de absorver. Sou da primeira geração a ter contato com o tal videogame. Para as gerações anteriores, ainda tentando compreender como era possível ter numa caixa a imagem viva de alguém que não estava lá, como seria possível tomar o controle sobre as imagens ali dispostas? Sem intimidade com noções de abstração (o mundo era pragmatismo puro), como duas barras poderiam ser jogadores de tênis e como um quadrado seria uma bola? Pessoas do dinheiro sob o colchão sofreram (alguns ainda sofrem) com a ideia de dinheiro dentro de um pedaço de plástico. Veja que interessante: Escrevi estas linhas no metrô. Acabo de migrar para o ônibus, no qual houvi um casal de idosos discutindo sobre cartões.
     Antes da internet, eu me lembro de minha mãe pedir que eu pesquisasse no computador coisas impossíveis de estar lá. Como explicar que a caixa barulhenta que sabia tudo só poderia saber o que eu colocasse?
     Medo de elevador e escada rolante. Quem, no futuro, acreditará que houve esta fobia? Medo de avião? Todos os meninos da geração "Top Gun" sonharam ser pilotos.
     Minha geração testemunhou um momento de ruptura que ninguém registrou. Nada assusta meu filho. Nada o espanta. Não há o que não possa ser aprendido. Ele nasceu no mundo do eternamente novo. Somos da geração na qual a ficção científica e a realidade são separadas por uma película de sabão. Meus netos serão do mundo sem película, sem ficção. O que pode ser pensado que não possa ser construído? Os temores de nossos ancestrais retardaram seu poder criativo. Nossos filhos, porém, não estão na crista da onda, eles são a onda.

Nenhum comentário:

Postar um comentário