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domingo, 25 de maio de 2014

A Feira e a Luz

O texto que segue foi inspirado em um sonho. Outra noite sonhei que atingia a Iluminação na feira, sob orientação do vendedor de pastéis.

No sonho eu caminhava com meu filho pelo bairro no qual cresci, porém, passava por ruas  novas, que não existiam quando morei ali e não existem agora. Subíamos por ladeiras largas numa manhã ensolarada observando os arredores. Em nossas adjacências não havia casas, mas grandes áreas cercadas dentro das quais macacos e quatis brincavam na relva e nas árvores. Tudo muito bonito. Era como um passeio no zoológico. No alto da subida o asfalto terminava numa área vasta ornada por toda sorte de plantas e flores. Depois desta, uma feira livre. Nada mágico na feira, gente gritando, gente comprando, carrinhos atropelando pés, frutas e legumes descartados atrás das barrancas.
Uma pessoa se destaca, não por uma aura ou qualquer outra coisa mística que se esperaria ver em um sábio ou santo, mas apenas por ser familiar, com se já o conhecesse. Ele está sentado observando o óleo incandescente fritar o alimento. Com a fluidez natural aos sonhos muda minha percepção da cena. Ora ele observa pastéis naquela frigideira gigante de feira, ora não passa duma leiteira, igualmente repleta de óleo muito quente, mas o que frita é menor que o pastel comum. Gyoza? Tempurá? Não sei.
Examinando o óleo ele começa a me falar sobre alquimistas. Fala de sua eterna busca pelo elixir da vida e pela pedra filosofal, os quais buscavam obter pela ininterrupta purificação de metais através do fogo. Falou do processo de purificação do próprio alquimista enquanto este observava a purificação do metal (qualquer semelhança com "O Alquimista", de Paulo Coelho, não é mera coincidência). Em seguida traçou paralelo entre aquela imagem e a observação do ato de fritar.
Fiquei alguns instantes quieto ao seu lado, apenas observando o borbulhar do óleo e a transformação do pastel. Pensei que poderia, talvez, atingir a iluminação através daquela prática, daquela observação.
Passado um tempo, o mestre pasteleiro chama minha atenção, convidando-me a abandonar a frigideira/leiteira e a observar os arredores. Pessoas paravam para comer pastel, outras seguiam em compras, outras apenas atravessavam a feira.
Por um instante vi algo místico sobre aqueles anônimos, um quê de aura, como se todos fossem sábios ou santos.

Meu mestre me alertou que não atingiríamos a iluminação no fogo, no óleo ou no metal, mas nas pessoas, pois são todos budas, mesmo aquelas que ainda não despertaram para isto.

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