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Há anos ocorrem ricos diálogos sobre Civilização Humana e Filosofia, Teologia, História e Cultura em geral! Tudo que possa interessar a alguém que espera da vida um pouco mais que outra temporada de BBB! Após diversos convites a tornar públicos estes diálogos, está feito! Quem busca uma boa fonte de leitura, por favor, NÃO VISITE este site. O que esperamos, de fato, é a franca participação de todos, pois não se chama “Outros Discursos”.

segunda-feira, 25 de abril de 2016

Para não dizer que não falei de Impeachment

     Sempre tive um apreço particular pela alienação. Nunca foi do meu feitio estar na "crista da onda" da informação. Pode até ser por preguiça, mas com o tempo desenvolvi uma desculpa muito boa (leia a "Crítica à Informação"). Alienado que sou, tive um final de semana bem agradável (comecei a escrever este texto em 19/04/2016). Domingo de manhã levei meu filho em um evento budista para crianças, almocei em casa e à tarde lavei o carro com minha esposa (e antes que comecem reclamações relacionadas à economia de água, esclareço que fazia mais de seis meses que aquele carro não era lavado). Isto significa exatamente o que você entendeu: não desperdicei um único segundo do meu final de semana assistindo idiotas e seus votos.

     Lembro de uma inferência corriqueira das pessoas mais velhas: "Por tudo que há de mais sagrado...". Isso abria muitas frases. "P.T.Q.H.D.M.S. me dê isso.", "P.T.Q.H.D.M.S. me ajude naquilo! "," P.T.Q.H.D.M.S., não faça isso! ". Eu realmente estou perplexo em como não aconteceu (ou não chegou ao meu conhecimento) um" Por tudo o que há de mais sagrado, eu voto 'sim' ". Pois é. Não assisti, mas tenho noção de como foi. O milagre das mídias sociais me trouxe a informação. Sabe, como alienado profissional, eu nunca gostei de ler ou assistir jornais; se você já assistiu" Matadores de velhinhas" entenderá meus motivos melhor que outros. Mas há um fenômeno nas mídias sociais que torna a comunicação através delas uma experiência fascinante, digna de estudos profundos: Toda comunicação é revestida de opinião. Toda comunicação é tendenciosa. A grande diferença entre o jornalismo e as mídias sociais é que os jornalistas fingem imparcialidade. Fingem que não servem interesses e forças poderosas. Os textos das mídias sociais são exatamente o oposto. O "lado" escolhido pelo agente emissor da comunicação é evidente e é evidenciado com vigor crescente. Como diz o Capitão Jack Sparrow, "Eu sou um desonesto. E nos desonestos, pode-se sempre confiar porque se sabe que sempre serão desonestos. Honestamente, é nos honestos que temos que ficar de olho... Porque nunca se sabe quando vão fazer alguma coisa realmente estúpida!". Não acuso produtores de textos, artigos, blogs e memes de desonestos, é claro, mas tenho a tranquilidade de poder sempre contar com a parcialidade deles. Eles dizem o que querem, sem máscaras (quase sempre), cabendo a mim, ciente disto, o esforço de conferir veracidade, validez lógica e conformidade com meus próprios valores. É como se a mentira fosse um veneno solúvel em água, mas vendido em flocos. Os jornais são copos de água. Você acredita que é potável e vira o conteúdo goela abaixo sem pestanejar. Mídias sociais são baldes com cascalho, trigo e estes flocos. Dá trabalho, mas dá para separar as coisas. Também dá para jogar leite gelado e comer como uma tigela de sucrilhos. Você escolhe.
     De qualquer forma, este texto não é sobre mídia, comunicação ou informação. É sobre política. E não é uma análise político-científica do cenário atual (já tem gente muito boa fazendo isto). É tão somente uma prestação de contas, para não dizer que não falei de Impeachment. Eu sou (ou era) contra o impedimento da presente Dilma, não por qualquer simpatia a ela ou aprovação ao mandato, mas por simples desaprovação das justificativas dadas. Ao que tudo indica, não faz mas sentido discutir isto; é preciso perceber que ainda que ela permaneça presidente de direito, não o é mais de fato. 367 X 137 evidencia o cenário geral em Brasília e a impossibilidade de governar. Esta situação se construiu sem consulta à minha pessoa. Sem minha torcida ou sofrimento frente à televisão no domingo. Você poderia protestar, dizendo que eu tenho dever cívico de acompanhar estas coisas, até mesmo para escolher corretamente em eleições futuras. Amigo, as pessoas não vão escolher melhor nesta eleição, assim como todos os avanços na velocidade da informação e na "transparência" dos atos administrativos não as fizeram escolher melhor na eleição passada. E quando digo isto quero deixar claro que não votei na Dilma E NÃO votei no Aécio. O segundo turno de nossas últimas eleições já era caricatura do fracasso de nossa democracia. Os deputados eleitos, enquanto discursavam felizes frente a câmeras e celulares neste final de semana, apenas ratificaram isto.
    Neste momento caminhamos para o tridente do demônio. Aqui te convido a deixar suas convicções políticas de lado, dar um passo para trás e sentar ao meu lado para observar o todo. Não tente refutar o que vou apresentar, pois estou dizendo o que vejo, não o que defendo ou desejo. Eis os dentes:
  1. O processo pelo impedimento fracassa e Dilma governa mais dois anos. Embora eu julgue este desfecho o mais digno (por simples respeito à escolha feita em 2014), acredito ser pouco provável, pois tudo foi cuidadosamente construído para levar a opinião pública a desejar, sanguinolenta, a cabeça da "vaca". Sou totalmente contrário às ofensas dirigidas à presidente, mas aqui fui obrigado ao uso do termo, porque ela é mesmo "vaca", não pejorativamente, mas em decorrência do seu papel nesta história toda. Ela é "boi de piranha", ou "vaca de piranha", jogada para morrer no rio, alimentando a população carniceira, enquanto a "boiada" de políticos corruptos segue tranquila.
  2. Temer assume. Este ávido leitor de Maquiavel irá governar brilhantemente. Falo sério. Este cara só precisa agradar minimamente o público para ser nosso "amado" presidente por 10 anos. Basta ser um pequeno Maluf e vir de "rouba mas faz"; Percebe? A faca, o queijo, o sucrilhos, o leite, a cerveja e a picanha. TUDO nas mãos dele.
  3. Aqui é o dente do meio. O maior e mais terrível. O mais perigoso. Dilma é afastada e Temer "defeca". Ele só precisava ler Maquiavel, mas nem para isto teve competência. O personagem Bolsonaro, um mascote criado apenas para esfregar um extremismo horrível na cara da população e, com isto, tornar o meio, o Temer, aceitável (e até preferível) ganha força inesperada (já está ganhando) e desponta nas pesquisas e na própria eleição. Acredito não precisar descrever os possíveis (e prováveis) frutos deste desastre. Filmes antigos sobre vampiros (já assistiu "Os Garotos Perdidos"?) diziam que um vampiro não entra em um lugar sem ser convidado. O volume de "convites" - manifestações públicas de apoio - ao "bolsonarismo" é imenso.
     Tenho medo. O grande terror é que continuamos expostos aos dentes 2 e 3 MESMO com a realização, agora do primeiro. Semana passada (este parágrafo de conclusão estou escrevendo em 25/04. Desculpe a demora) comecei a ler "Esquerdismo: Doença infantil do comunismo" (1920), de Lenin. O PT conseguiu realizar com maestria cada erro que Lenin, quase um século antes, denunciava como vícios dos pseudo-socialistas, pseudo-comunistas, servos do imperialismo internacional E nacional. Com isto a credibilidade das ideias socialistas e comunistas foi minada em parte significativa da população. A grande mídia trabalhou entusiasticamente pela ruína da separação (percebida, não concreta) entre PT e a esquerda atuante (inclusive ha partidos de esquerda na oposição ao governo vigente). Ser de "Esquerda" tornou-se sinônimo de ser "Comunista" e as duas coisas equivalem a ser servo do demônio (ou pior, ser petista).
     O "Comunismo" não é o fim do mundo, meu amigo. É o fim da História! E não fique chocado. Você aprende sobre  o grande sonho comunista cada vez que vai a um culto ou missa. Nem Marx teve expectativas tão extravagantes. Mas não será agora. Forças poderosas (Mídia, PT, PSDB, PMDB, entre outros) conseguiram criar um cenário terrivelmente difícil de reverter, com cada desfecho possível pior que a possibilidade anterior (veja o tridente). Eles atrasaram em décadas as chances de concretização dos mais tacanhos ideais socialistas. Minha esperança era a população acordar para outras saídas (a saída é pela Esquerda), mas não me parece o caso. Encerro com sinceros votos de que pessoas retornem a este texto em 2018 e esfreguem na minha cara que nenhum dos 3 caminhos/dentes piores se concretizou. Que surja um caminho "1.b". Que a Força esteja conosco e que não precisemos mais falar de Impeachment. 

2 comentários:

  1. Bolsonaro aparece com 10% de intenções de voto em pesquisa recente... O Dente 3 cresce!

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    1. O Vaticínio se dá, não por capacidades místicas, mas por simples análise lógica do padrão de comportamento acéfalo do brasileiro médio.

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