Em função de meu atual local
de trabalho tenho gozado a feliz oportunidade de ir trabalhar de bicicleta.
Aproximadamente 30 minutos de pedaladas
na ida, 50 na volta (muitos aclives). Não são de se ignorar os benefícios da atividade
física em suas demais atividades do dia, não obstante, não é exatamente sobre
isto que desejo falar.
No trecho final da viagem de
retorno ao lar há um aclive demasiadamente acentuado (ao menos para mim) o qual
nem sempre ouso desafiar. A cada quatro dias de trabalho pelo menos em dois eu
subo a referida rua a pé; bicicleta ao lado. Esporadicamente me sinto suficientemente
disposto à subida sobre a bicicleta, sendo hoje um destes casos. Enquanto
subia, assistia filosoficamente aquela situação, enquanto recordava das
brincadeiras de criança e aulas de educação física na escola. A questão era: “O
que é o ‘Descanso’?”
Desde a mais tenra infância
realizamos brincadeiras que nos expõe a intensas atividades físicas, tais como
pega-pega, Futebol, corrida, etc. Corremos até a quase exaustão, depois
corremos mais. Num dado momento decretamos “Hora do descanso!” e simplesmente
paramos, provavelmente com as mãos apoiadas nos joelhos, face voltada ao solo,
respiração forçada, gotas de suor escorrendo por todo o corpo. Já na escola
vamos às aulas de educação física. Futebol, basquete, vôlei, atletismo, xadrez
¹, etc. Seu professor te convida a dar cinquenta voltas ao redor da quadra.
Obviamente, eu terminava em último, mas pelo menos terminava. Concluído o
ciclo, alguns se jogavam ao chão, outros recorriam aos joelhos. Parada total:
Eis o significado que costumamos atribuir ao “descanso”. Mas minha lenta subida
de bicicleta no aclive desta manhã não permitia paradas. Parar significava
carregar a bicicleta o restante do percurso. Eu examinava a rua, a qual já
conheço de cor, contando as voltas do pedal para alcançar o ponto no qual o
grande aclive se convertia em aclive suave. “Ali descansarei!”, eu pensava. Mas
descasar, aqui, não era parar. Era apenas reduzir o ritmo de extremo (e dolorido)
esforço para outro de grande (porém suportável) esforço. Filosoficamente
transmigrei aquela imagem para outros aspectos da vida cotidiana.
Frequentemente procuramos situações de “parada total” e desprezamos as
oportunidades de “redução de esforço”. “Eu preciso de férias!” é o mantra
repetido. O que proponho ² e a revisão de nossas rotinas e padrões de
comportamento, substituindo gradativamente as “paradas totais” pelos “esforços
reduzidos”. Quando frente à exaustão, não responder com a desistência. Não mais
deixar de produzir, mas tão somente produzir um pouco menos, enquanto
recuperamos o fôlego para uma nova onda de grande esforço. Deu certo nesta
manhã. Procurarei seguir com esta estratégia em minhas demais atividades. Um “descanso
pesado”, mas ainda assim, descanso. Vamos tentar?
Nota:
¹ Pois é! Aprendi a jogar
xadrez com o Professor Glício, de Educação Física. Um dos heróis da minha
infância lá na E.E.P.S.G. Prof. Wallace Marques
² Importante perceber que
isto é menos uma pregação para meus interlocutores que uma tentativa de
aprendizado pessoal
Gostei do texto e da sugestão, isso é algo que procuro fazer, pois tenho dificuldade para iniciar atividades, e ao parar, demoro muito para retornar a essas atividades, ou nem retorno. :)
ResponderExcluirÉ um exercício difícil!
ExcluirEstou tentando mantê-lo em mente!!!
Que a Força esteja com você!
Nossa, muito bom. Cansa ouvir pessoas procurando fuga o tempo todo. Se reduzissem a marcha, supondo obviamente que trabalham com o que gostam, não pediriam férias depois de apenas dois meses de trabalho. Compartilho da mesma opinião.
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