Leia a Discrição!

Então quer dizer que entrou nesta publicação só para caçoar do erro no título, não é? Então fico feliz, pois apesar do meio, a finalidade foi atingida. Estamos aqui! De fato, gostaria de propor uma pequena reflexão acerca da Discrição.

Segundo o bom e velho Michaelis ¹, “Discrição” é um substantivo feminino de origem latina (“discretione”) cujos significados são:

1. Qualidade daquele ou daquilo que é discreto.
2. Qualidade de quem sabe guardar segredo; reserva.
3. Ato de discernir; capacidade para discernir; discernimento.
4. Circunspeção, prudência.

Nada mais obvio que os itens 1 e 2; acredito que se realizasse uma pesquisa, seriam estas duas definições que me responderia a maior parte das pessoas. Curiosos, porém, são os itens 3 e 4. Retornando ao Michaelis temos as seguintes descrições:

• Discernir (lat discernere) vtd 1 Ver distintamente; discriminar, distinguir, conhecer: Discernia e apreciava as belezas poéticas. Nada proveitoso posso discernir nisso. vtd 2 Avaliar bem; apreciar, medir: Discernir a capacidade de um candidato a emprego. vtd 3 Estabelecer diferença entre; distinguir, separar: A Teologia discerne quatro estados em que pode viver o homem. Convém discernir o certo do errado. vti e vint 4 Apreciar, julgar: Discernir entre o direito e a força. O animal não discerne. Só se usa nas terceiras pessoas.
• Circunspeção sf (lat circumspectione) 1 Qualidade de circunspeto. 2 Análise de alguma coisa, considerada por todos os lados. 3 Atenção prudente, cautela, ponderação. Antôn (acepções 1 e 3): leviandade. Var: circunspecção.
• Prudência sf (lat prudentia) 1 Virtude que nos faz prever e evitar as faltas e os perigos e que nos leva a conhecer e praticar o que nos convém. 2 Cautela, precaução. 3 Circunspeção, sisudez, seriedade, tino. 4 Moderação. 5 Cordura.

Ora, sendo o Humano ² uma criatura naturalmente social, tão dependente do relacionamento com outros de sua espécie, parece-me estranho que utilizemo-nos com tão pouca frequência da Discrição, sobretudo considerada como “Discernimento”, “Circunspeção” e “Prudência”. Falta-nos maior racionalidade para planejar e executar nossas ações em Sociedade. Falta-nos boa vontade para captar, efetivamente ler a Discrição presente nos raros indivíduos que a vivem plenamente, observando e absorvendo estes padrões de comportamento. Precisamos ler e reler a descrição de “Discrição” e seus desdobramentos, rever e reformar nossas posturas, enriquecer positivamente nosso comportamento social, mesmo quando na ausência de outro a nos vigiar, criando valores positivos em nossa vida e, consequentemente, em nossa sociedade. Procure refletir sobre isto e, quando parecer que algo está se perdendo, leia a Discrição!

Notas:

¹ Todas as consultas foram realizadas mediante visita ao http://michaelis.uol.com.br/

² Leia também “Ser” Humano! Mesmo? Que tal “Tornar-se”?