Durante a greve do metrô,
ocorrida nas vésperas da Copa do mundo, mais uma vez pudemos observar o quão
frágil é a estrutura de nossa cidade (São Paulo) e, sobretudo, o espírito de
nossa população.
A debilidade da estrutura
urbana é explicita! É um absurdo que quase toda a logística humana seja tão
dependente do metrô e este tão precariamente distribuído e planejado. Mas este
não é o foco desta reflexão, sendo grande o volume de material abordando o
tema; quero tratar da irracionalidade humana.
O caos não foi fruto da
greve, ele veio do desespero. Ainda que interrompido o fluxo da espinha dorsal
da cidade, o metrô, não eram poucas as alternativas. Os trens da CPTM alcançam
os principais pontos da linha vermelha do metrô (a mais prejudicada pela greve)
e linhas e corredores de ônibus atendem bem as outras áreas. A viagem em uma
destas alternativas é, obviamente, um pouco mais lenta que através do metrô,
porém, não nos deixaria no estado que ficamos.
O caos veio da aliança entre
o desespero e o egoísmo, sentimentos que levaram cada usuário de transporte
público que possui carro a decidir tirá-los da garagem naqueles dias.
Defender-se-ão da acusação de egoísmo os que deram carona. Isto não elimina a
ideia de egoísmo, posto que ainda que tenham se preocupado com colegas de
trabalho ou amigos que trabalhem perto, em perspectiva mais ampla não houve
preocupação com a comunidade.
A reflexão racional e
coerente levaria à decisão de - naqueles dias mais do que nunca - guardar os
carros. O prejuízo de algum atraso seria irrelevante frente à garantia de
manter a cidade andando. Vou além! Eu, que apoiava a greve mesmo sendo
completamente dependente do metrô (nunca vou trabalhar de carro), creio que a
ação consciente da população em seguir para alternativas legitimaria e
fortaleceria os metroviários, já que o impacto da greve seria apenas nos bolsos
de uns, não na vida de todos. "O que me interessam os metroviários?
Reclamam de barriga cheia!" protestarão outros. Não é problema seu?
Egoísmo!
O caos, repito, nasceu do
desespero e irracionalidade. Desespero de tirar o carro da garagem mesmo
sabendo que as vias não comportariam o volume, irracionalidade dos empregadores
que não propuseram "homework" aos funcionários que poderiam fazê-lo,
burrice dos que não adiaram compromissos adiáveis.
O transporte público é
precário, a greve nesta área dói na alma dos outros trabalhadores, a gestão
pública é um lixo! O caos, porém, nasceu do desespero.
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