Antes de mais nada, combine comigo uma regra simples: todas as negações a seguir são meias verdades. Por quê? Porque a propriedade que negam na verdade existe, mas se torna nula quando ofuscada pela afirmação final.
O Amor não pertence aos apaixonados! Os apaixonados mergulham em suas paixões, cujos resultados são imprevisíveis, podendo variar do mais absoluto nada ao maios emocionante romance, mas o produto de seus atos não é, exatamente, amor.
O Amor não é dos românticos, esses tolos sonhadores que fantasiam substituir a refeição por beijos e a labuta por abraços.
O amor não pertence aos poetas, esses magníficos tradutores, capazes de localizar todas a beleza do mundo e vertê-la na tinta e no papel, criam coisas tão belas que são quase amor, mas ainda não.
O Amor pertence aos dispostos, pois trata-se de ato contínuo, deliberado e nada fácil de construir uma história com o outro, com finalidade de subtrair cada vez menos e entregar cada vez mais, enquanto se procura não perder sua própria identidade no processo. O amor do disposto não é a figura do poeta, a fantasia do romântico nem o fogo do apaixonado, é vivo, concreto, presente. Se materializa no "Você está bem?", "Venha com cuidado.!", "Almoce!", "Respire!'; também no "te busco!", "Isso me lembrou você!", no movimento rápido para evitar que o outro tropece, no ombro dado, nas lágrimas enxugadas, o respeito ao silêncio; é o esforço de encaixar o outro na sua vida, mesmo que ela estivesse muito boa sem ele; é a vontade de ser melhor para merecer aquela companhia. Isso e tantas outras coisas, e também é fogo, também é fantasia, também é a figura.
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