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terça-feira, 25 de fevereiro de 2025

#Verborragia: Vertigem

Em meados de novembro de 2024 eu obtive um lote de nove sugestões, com as quais fui trabalhando no decorrer do mês. A última palavra sugerida, "Vertigem", ficou abandonada em função do esforço dedicado às outras oito palavras no decorrer daquele mês, por uma onda de inspiração experimentada em dezembro (o que automaticamente suspendeu a Verborragia ¹) e pela subtração da Musa em Janeiro (e consequente apatia daí derivada).

A falta de inspiração não passou, assim, ressuscito a #Verborragia para que cumpra seu papel, ou seja, "para me forçar no retorno à escrita".

Curiosamente, o emissor da sugestão descreveu a palavra como "a sensação de perder o chão, seja por medo, paixão, ou a imensidão do que ainda não compreendemos.". Considerando o incidente de janeiro, parece-me misticamente pertinente que a sugestão de novembro tenha ficado incubada até agora.

Importa registrar que o esboço acima foi composto no final de janeiro e abandonado ,sendo retomado só agora, 25/02/2025.

Neste ínterim fui impelido a produzir poema sobre lembranças², resultado na publicação de 09/02. Desculpe aborrecer -lhe com tanta contextualização; ocorre que a) desejo ter a memória das coisas; b) organizá-las textualmente me ajuda a organizar a mente; e c) faz sentido ter ciência das variações de meus estados no tempo para entender as raízes do que segue.

O Marcelo de dezembro teria pensando em vertigem como aquele momento de desconexão com o mundo que se sente quando se experimenta algo completamente inédito, como a primeira vez que você solta o guidão da moto em uma ladeira (não façam isso em casa, crianças [só na ladeira]). Há o imenso medo de sentir o afrouxamento de tudo que é familiar e seguro, mas a sensação de vida é tão profunda que você não tem escolha; não tem volta. Você perde o chão, como que em queda livre, "sofre" o frio na barriga, mas não teme o impacto final; por alguns instantes você esquece que há gravidade, que não tem asas, que o caminho é descendente; você escolhe a ilusão de imaginar-se voando.

O Marcelo de janeiro estudaria o medo³, pois havia aprendido que tememos o que conhecemos, mas ele temia o contrário; ele temia voltar ao que era conhecido; temia a segurança de novembro. Talvez falaria brevemente do substantivo "paixão", não com a abordagem cotidiana vinculada ao estado amoroso, mas na significação daquilo que se sofre. "A paixão de Cristo" não significa que ele estava enamorado pela cruz.

Finalmente, o Marcelo de agora diria que o que dá vertigem é o desconhecido. Estou sentado no chão, olhando as estrelas, as tão familiares constelações e, ainda assim, eternamente imbuídas de insondável mistério; igualmente misterioso é o futuro, o que viverei amanhã? Igualmente misterioso é o coração: o que é o amor?4; igualmente misteriosa é a gravidade5: por que caímos? Por que, ainda que cientes da queda, saltamos?

Dá vertigem!

A conclusão deste texto reside em outro poema6, mais recente, do qual deriva a epifania de que sou/somos marinheiros e, à revelia da ausência do solo seguro, de qualquer medo, paixões e incertezas, lançamo-nos ao amar.

Dá vertigem!


Notas:

1 . Para entender a Verborragia 

2. Leia Travessia de Dezembro 

3. Leia Não deixe o medo DE cegar! 

4. Leia Cuidado 

5. Leia , O Fim do Tempo (3ª Parte - Conclusão)  ou ainda O que, afinal, são as Galáxias? 

6. Leia Porto da solidão 

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