Eu não sei você, mas foi bater o olho na palavra sugerida para hoje e meu primeiro desejo foi cair para o conto, ou mesmo a poesia, não a reflexão. Fiquei no limiar de fazê-lo (talvez ainda o faça), entretanto, por ora, sigamos a linha.
Quantas vezes na vida nos sentimos em limiares? Quantas vezes na vida compreendemos os limiares? É fato que o termo exprime um ponto de fronteira, um limite, bem ali onde se obtém acesso a um novo local ou começo de outra coisa. Quantas vezes não confundimos os infinitos limiares de nossas vidas com a beira de um abismo?
O limiar é o limite, a fronteira, como já dito, entre o aqui e o lá, provavelmente entre o velho e o novo, não raro, sobretudo na vida, entre o familiar e o desconhecido. É, invariavelmente, um ponto de mudança (não vou explorar a qualidade, se positiva ou negativa), e não raro, sem volta. Nossa mente, ora ansiosa, ora nostálgica, agarrada à segurança do que conhecemos (mesmo quando a situação é ruim; a familiaridade nos dá algum conforto) nos convence que o próximo passo é fatal; substitui a paisagem à frente pelo retrato de um abismo.
É assustador (curiosamente, a palavra sugerida para a próxima sexta é “vertigem”)! Como ainda não sabemos voar, adiamos qualquer ato, aterrorizados com a possibilidade de precipitarmo-nos no vazio adjacente, separados da queda (quiçá da morte) por um único passo, talvez menos que um passo. Recuamos. Não é como se estivéssemos em uma encosta de montanha, sem outra escolha a não ser o despenhadeiro, com as costas se esfregando no paredão. À frente, o precipício, mas, para trás, tudo o que conhecemos, estamos habituados e, tanto quanto possível, sabemos administrar. Justamente aí é que reside a facilidade de voltar atrás, nos apegarmos ao que já estava estabelecido e rejeitarmos a assustadora novidade.
O que precisamos fazer? Reler o que foi dito até aqui.
Recordar (e introjetar) que o nome do texto não é “abismo”, é “#Limiar”, e que o terreno à nossa frente não é menos maciço que o que ficou para trás. Rememorar, sobretudo, que não é o primeiro (nem o último) limiar de nossas vidas e, para além de todos os nossos temores e adiamentos, seguimos e sobrevivemos (não raro, com gratas surpresas).
Você entende?
No parágrafo anterior, ali onde escrevi “maciço” quase grafei “seguro”, mas seria leviano. Não posso garantir isso. Pode haver perigos, tropeços, intempéries, desventuras. Também pode haver paz, alegria, conforto, satisfação. O que precisamos rejeitar, acima de tudo, é a estagnação causada pelo medo¹, pois se você não se move, não pode se declarar vivo. Imóveis são as pedras. Sigamos! ²
Notas:
1 . Leia Não deixe o medo DE cegar!
2 . Leia Jornada
Para entender o motivo da Verborragia clique aqui (Participe! É grátis e fará um [pseudo]autor muito feliz! )
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