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terça-feira, 8 de janeiro de 2019

Poker Face

   Por muito tempo (e garanto que não sou o único) interpretei a expressão "poker face" como um estado simulado, um esforço deliberado para não deixar transparecer em seu rosto traços de seu estado emocional imediato, evitando deixar o oponente "ler" indicações que pudessem virar o jogo contra você. Depois de meus primeiros contatos com o jogo ainda mantive esta crença (não havia motivo para qualquer outra interpretação). Nesta semana, porém, fui literalmente "iluminado" para o significado profundo do termo.

   Não sou jogador experiente. "Amador" é pouco para descrever minha limitadíssima habilidade. Ainda assim, jogo. Brinco de jogar, já que não movimento dinheiro. O poker me remete a interpretações filosóficas que não discutirei agora mas, só para ilustrar, penso no modo como as vicissitudes da vida, erroneamente chamadas de sorte e azar, nos lançam de um lado para outro, e nossa possibilidade (ou não) de desenvolver a capacidade de administra-las.
   Nestas aventuras "joguísticas" vivi uma experiência (semi) transcendental facilmente utilizável para ilustrar a situação de iluminação buscada por hinduístas e budistas. Em algumas partidas desta semana fui atingido por um sentimento de plena segurança, pleno domínio das emoções (sofrido, não construído), completa ausência de receio, não importava a sorte ou revés possíveis na jogada seguinte. Transitava pelas vicissitudes completamente livre de receios. Não tinham efeito sobre mim. A serenidade da sombra de uma nuvem atravessando toda sorte de relevos e mesmo cursos d'água sem ser barrada nem molhada.
   As ocasiões de revés não foram eliminadas, mas a resposta do espírito (a postura da mente, se preferir) mudara. Cada sorte potencial era tornada efetiva por um processo extremamente rápido de raciocínio e decisão (intuitiva?) . Cada possível revés era imediatamente mitigado pelo mesmo processo. Após cinco "lances de sorte" seguidos um jogador emitiu um expressivo"WTF?" (Joga no Google).
   Penso que esta experiência, tão simples, esteja ao alcance de qualquer um minimamente aberto e disposto a vive-la. Disto deriva a questão: a iluminação em si, a "poker face" frente às vicissitudes em geral, para além do baralho, estaria menos acessível? O estado espiritual/mental do ente iluminado será mesmo tão distinto daquele facilmente atingido por um jogador ordinário?
   O estado se perdeu, assim como eu mesmo perdi partidas posteriores. Disto deriva outra lição: o estado ora tratado não é um fim em si, mas algo que se deve depurar infinitamente, perder, recuperar, sustentar,  perder, recuperar,  fortalecer,  perder, recuperar,  refinar.
Vamos juntos? Eu dobro a aposta. Alguém cobre?

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