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Há anos ocorrem ricos diálogos sobre Civilização Humana e Filosofia, Teologia, História e Cultura em geral! Tudo que possa interessar a alguém que espera da vida um pouco mais que outra temporada de BBB! Após diversos convites a tornar públicos estes diálogos, está feito! Quem busca uma boa fonte de leitura, por favor, NÃO VISITE este site. O que esperamos, de fato, é a franca participação de todos, pois não se chama “Outros Discursos”.

quarta-feira, 16 de agosto de 2023

#Verborragia: Atmosfera

 Não. Não vamos reinaugurar a #Verborragia falando de gases. Ainda assim, dialoguemos brevemente sobre o fenômeno físico, antes de explorar eventuais conceitos subjetivos.

Essa imensa redoma de gases que contorna nossos países e garante nossa sobrevivência (em detrimento de nosso incessante esforço para promover o contrário) não passa de uma finíssima película de ar, quando considera em proporções astronômicas. Uma indigestão do Sol bastaria para varrer esta película do nosso planeta¹ e extinguir nossa existência. Enquanto o Sol não o faz, estamos nós aqui brincando de sujar a película sem considerar que é, por ora, tudo o que temos e o eventual processo de regeneração é muito mais lento que nossa capacidade de estrago. Finalmente, antes que o Sol e a poluição eliminem a possibilidade de vida na Terra, as relações individuais com o ar também são, ou podem ser, precárias, seja por patologias (bronquite, asma, etc.), seja por atividades insalubres (tabagismo, sedentarismo, etc.).

Mas este texto não é sobre astronomia, ecologia ou saúde pública.

Uma vez que atmosfera, em termos físicos, nos cerca e mantém, convencionou-se aplicar o termo também em circunstâncias sociais e subjetivas, assim, "há uma atmosfera boa ali" e "não gostei da atmosfera" não são termos empregados após uma análise da volumetria e qualidade dos gases naquela região, mas sim para descrever nossas percepções subjetivas das interações sociais.

Pensando em ambientes, grupos, encontros familiares e locais de trabalho, cada agrupamento de pessoas terá um atmosfera específica, assim como cada região do mundo poderá ter maior ou menor concentração de certos gases, conforme as peculiaridades do lugar. A mais sutil interferência no grupo (uma contratação, uma mudança, uma nova namorada) altera o equilíbrio anterior e torna necessária uma série de adaptações até se atingir novo equilíbrio. A propósito, não leia "equilíbrio" como algo intrinsecamente positivo: era apenas um ponto de estabilidade, que poderia se apresentar como uma constante tensão, ou paz, ou alegria, ou tristeza, e por aí vai. Esse novo momento de estabilidade pode não ser salubre para todos no ambiente, produzindo eventuais evasões ou expurgos no grupo ("Nossa. Fulano nunca mais deu notícias."). Ainda pensando em grupos, existe a possibilidade de existir um Sol, um indivíduo de destaque que, ao chegar, promove calor, luz e conforto, OU ter o poder de varrer para longe toda a atmosfera de paz que estava ali instantes atrás. Atenção: não leia esse trecho como sendo duas atividades distintas de um mesmo indivíduo, que ora promove uma atmosfera, ora outra (se existir alguém assim, fuja). Haverá, via de regra, um ente de destaque que sempre promoverá a paz, ora mais, ora menos, mas nunca o oposto, e/ou haverá um indivíduo que sempre expurgará a paz. 

Reduzindo nosso campo de análise para nossa intervenção direita e ativa na atmosfera, precisamos avaliar qual a qualidade da nossa colaboração na sua manutenção: acendemos fogueiras, construímos fábricas ou plantamos árvores? Assim como, astronomicamente falando, nada poderíamos fazer caso uma super onda fosse expelida pelo Sol, pouco podemos fazer quando há presenças negativas muito marcantes no grupo, por outro lado, assim como em circunstâncias solares normais podemos comprometer a coisa toda (vide "efeito estufa"), podemos potencializar tendências negativas na atmosfera interna do nosso grupo ou minar as tendências positivas. Frequentemente nos queixamos das variações climáticas e das presenças inoportunas, mas o quanto analisamos nossos níveis de responsabilidade em cada caso?

Finalmente, nas relações exclusivamente individuais com a atmosfera (física e social), há circunstâncias aparentemente alheias ao nosso controle (asma, pessoas conscientemente mal intencionadas, bronquite, pessoas tóxicas, etc.) e circunstâncias diretamente derivadas de nossa postura (tabagismo, precipitação, sedentarismo, irritabilidade, etc.). Para as situações em que temos responsabilidade direta cabem (e agora me dou conta que isso é redundante; vale para tudo na vida) revisões interiores de nossas ações e omissões, renovando nosso portfólio de atuação (e respostas) objetiva(s) e subjetiva(s) para as circunstâncias ao nosso redor, caso realmente estejamos incomodados com as circunstâncias atuais e sinceramente desejemos promover mudanças concretas e duradouras no cenário geral. E as circunstâncias alheias ao controle? A ausência de controle é uma desculpa conveniente para justificar nossas omissões; reveja os exemplos que dei: a asma e a bronquite se instalam no organismo à revelia da intenção e interferência da criança ou dos pais, mas todos tem o poder de, voluntariamente, procurar tratamentos para mitigar crises e suas consequências, além da "bombinha" e outros recursos para emergências; para pessoas conscientemente mal intencionadas e/ou tóxicas somos dotados de sensibilidade suficiente (basta o mínimo) para notar suas natureza e nos apartarmos de sua companhia ou, quando impossível (em relações profissionais, por exemplo), alterar deliberadamente nosso portfólio de atuação e respostas (repetição não acidental) para criar mecanismos de proteção contra seus poderes de manipulação ou dano.

Resumidamente, seja para garantir um mundo respirável para nossos filhos, seja para construir ambientes e interações salutares para nós, convém atenção aos cenários e ao nosso poder de intervenção, avaliando e ajustando conscientemente nosso impacto nessa existência.

Nota: 

1. Antes de publicar fiz algumas pesquisas (leia-se "Perguntei para o chatGPT") e concluí que a gravidade e a magnetosfera tornam extremamente improvável uma remoção total da atmosfera, mas ainda assim é possível algum dano. Para o bem do texto, vamos fingir que eu não pesquisei (risos). 

Para entender o motivo da Verborragia clique aqui (Participe! É grátis e fará um [pseudo]autor muito feliz!)

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