A
mesma experiência desta manhã (da semana retrasada, considerando a data na qual
pretendo publicar o presente texto), levou-me a uma segunda reflexão ¹, a qual
preferi inserir em um texto distinto para não misturar os assuntos. Muitas
vezes as palavras e ações de terceiros nos atingem de forma negativa, nos magoam
e machucam espiritualmente (mentalmente) e até mesmo fisicamente. É o Mal que
nos fazem. Muitas vezes este mal pode ser realizado inconscientemente, como o
caso do sujeito que passou na minha frente no trânsito. Ele não tinha qualquer
intenção de me machucar (de fato, não o fez), apenas desejava chegar mais
rápido em seu destino, não obstante, me fez algum mal, já que me levou a
pensamentos negativos. Frequentemente somos alvejados por males realizados
tanto de forma consciente quanto inconsciente. Não me cabe, neste momento,
discutir os motivos do agente daquela maldade. No momento, quero refletir sobre
nossa reação à maldade.
Todos
os meus amigos conhecem minha fascinação pela saga cinematográfica “Star Wars”,
e o evento desta manha trouxe à minha mente trechos daqueles filmes e
interpretações para os mesmos. Não é difícil evidenciar as conexões profundas
entre o Universo de “Star Wars” e o Budismo, sendo sua característica mais
marcante a presença da Força. Também no Budismo (ao menos na linha budista que
sigo) não falamos de divindades, mas sim de uma Lei, que permeia todo o
Universo, conecta tudo o que existe, torna tudo um. Isto é exatamente igual ao
conceito de Força. Não somos ateus, apenas removemos do conceito de divindade
todas as máscaras, títulos e características humanas com as quais a havíamos
encoberto ². Com isso chegamos á Lei Mística. Chegamos à Força.
Mas
não comecei a escrever para criar um ensaio sobre o Budismo. Quero falar da
maldade que recebemos e de nossa postura. No filme “Star Wars” existe a Força,
existem aqueles que despertaram para sua essência (Jedi) e aqueles que
conquistaram um profundo conhecimento sobre o funcionamento da mesma mas não se
libertaram da escuridão fundamental e do egoísmo (Sith). Existe uma diferença
muito peculiar entre os dois. Ambos são, simultaneamente, instrumentos e
usuários da Força. Ou seja, tanto Jedis quanto Siths deixam-se utilizar pela
Força e também a utilizam. São mão e ferramenta. A diferença está no uso que
fazem de seu conhecimento. No modo como lidam com a Força. Um Jedi jamais
utiliza a Força para o ataque, apenas para a defesa ³ . O Sith, pelo contrário,
desenvolve habilidades estritamente voltadas ao ataque, ao ato de subjugar o
próximo. Há uma cena que me é muito marcante e justamente nela que repousa
minha reflexão. Há um momento em que um mestre Sith utiliza a Força para
produzir um raio (algo semelhante a uma descarga elétrica, se posso me
expressar assim) e atacar o Mestre Yoda (Um Grande Mestre Jedi). Mestre Yoda
poderia facilmente ter-se esquivado do ataque, ou tê-lo revertido em direção do
agressor. Não obstante, interrompeu o raio com as mãos, segurou-o por alguns
instantes e o absorveu, neutralizando-o completamente.
Qual
é nossa postura frente aos ataques que sofremos? Qual nossa postura frente às
maldades que sofremos? O simples ato de revidar nos torna semelhantes ao
agressor, criando um círculo vicioso de agressividade e violência. Também não
podemos simplesmente sair da frente, pois ignorando quem se encontra atrás de
nós, acabaremos por nos tornar co-responsáveis pela dor de um terceiro. Cabe-nos,
portanto, a postura de nos defender, defender o próximo e defender até mesmo
nossos agressores. Eis o verdadeiro sentido da compaixão. O mal não deve ser
rebatido. Também não deve passar direto, seguindo seu caminho de destruição. O
Mal deve ser absorvido e convertido em Sabedoria, para o bem de todos. De
Todos!
Que
a Força esteja com você!
Notas:
¹ A
primeira pode ser lida em Quem é meu Inimigo?.
²
Não ouso censurar a presença de tais máscaras. Talvez sejam incluídas para
tornar mais clara ou simples a visualização da divindade.
³
Você não terá uma plena compreensão do que estou dizendo sem realizar o esforço
de assistir os filmes, caso não os conheça.
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