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Há anos ocorrem ricos diálogos sobre Civilização Humana e Filosofia, Teologia, História e Cultura em geral! Tudo que possa interessar a alguém que espera da vida um pouco mais que outra temporada de BBB! Após diversos convites a tornar públicos estes diálogos, está feito! Quem busca uma boa fonte de leitura, por favor, NÃO VISITE este site. O que esperamos, de fato, é a franca participação de todos, pois não se chama “Outros Discursos”.

quarta-feira, 20 de dezembro de 2023

#Verborragia: Labirinto

Hoje foi um dia emocionalmente conflitante. Ontem foi dia de festa no trabalho (pela empresa), hoje foi dia de festa 2.0 no trabalho (pela equipe e adjacentes) e, ainda assim, uma perda (faleceu minha neta, Fumaça, a gata do meu filho¹).

Existe um fungo (não lembro o nome), que é capaz de resolver problemas. Há experimentos nos quais ele é colocado em um labirinto e soluciona o labirinto. Eu penso na imagem do fungo se dividindo em inúmeras ramificações e, automaticamente, percebo-me observando nossa passagem pelo tempo, pelas ramificações das possibilidades, pelas escolhas, um labirinto temporal, em contraponto ao labirinto espacial ao qual estamos acostumados.

Escolhi estar na festa de ontem, e foi muito bom. Escolhi estar na comemoração 2.0 de hoje, e foi muito muito bom (Deus, criado à nossa imagem e semelhança, sempre julga que tudo foi bom. "Reflitão!"). Quais escolhas eu poderia ter feito que salvariam Fumaça?

Embora atribuamos "irracionalidade" aos animais, existe algum nível subjetivo de escolha, já que o animal, mesmo cercado de toda sorte de estímulos que desestimulasse a escapada, insistia em "escolher" sair. De algum modo, há um "quê" de responsabilidade de minha neta no desfecho de sua curta existência. Eu fico aqui, neste momento, lembrando do seu comportamento (extremamente carinhosa), das suas manias (decidia, aleatoriamente, transformar o momento de carinho em briga [ou brincadeira] e mordia), das suas idiossincrasias² (aprendeu que todas as manhãs eu ia para a sacada [reverenciar Akasha] e reclamava se eu me atrasava pra isso), e pensando na plena individualidade, exclusividade, especificidade, do ente que partiu, algo irreplicável, insubstituível, irrecuperável, se perdeu.

Escolhas: minhas (quiçá dela).

Labirintos: De nossas existências no tempo, no espaço, no mundo, no (infinitamente complexo) emaranhado da (interconexão das) existência(s).

"Irrecuperabilidade": Dela e de tudo o que a tornava única.

São 22:11. Ele (meu filho), que começou a jornada de volta para casa, em meio às suas próprias escolhas, labirintos, me perguntou da gata. Escolhi (labirinto), falar a verdade.

Ele quer achar culpados: a dona dos cachorros (havia mais que um?), a vizinha, duas casas acima, conhecida por envenenar gatos, etc.

"Esquece, Filho. Nunca saberemos. Procurar culpados não a trará de volta. Eu não processei o hospital no qual minha mãe morreu." (minhas escolhas. Meu labirinto).

Meu filho me lê uma vez a cada 100 textos (suas escolhas. seus labirintos. Eu sou chato). Talvez, um dia, lá no futuro, quando eu for fumaça, ele escolha me ler (suas escolhas. seus labirintos) e, chegando a este ponto, possa complementá-lo a partir de suas próprias perspectivas, totalmente insondáveis para mim, labirintos.

Este texto, como qualquer labirinto, não tem propósito (leia outros. Juro que há desfecho). Toda saída de labirinto é uma ilusão, apreciada enquanto se ignora que se caiu em um labirinto maior. 

É, meu amigo, me perdoe. Talvez este seja meu primeiro texto sem saída. Labirinto!


Notas:

1.  Ele não sabe. Enquanto escrevo, ele ainda está na rua e achei melhor não avisar remotamente

2. Leia Idiossincrasia

Para entender o motivo da Verborragia clique aqui (Participe! É grátis e fará um [pseudo]autor muito feliz!)


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