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Há anos ocorrem ricos diálogos sobre Civilização Humana e Filosofia, Teologia, História e Cultura em geral! Tudo que possa interessar a alguém que espera da vida um pouco mais que outra temporada de BBB! Após diversos convites a tornar públicos estes diálogos, está feito! Quem busca uma boa fonte de leitura, por favor, NÃO VISITE este site. O que esperamos, de fato, é a franca participação de todos, pois não se chama “Outros Discursos”.

quinta-feira, 14 de março de 2024

#Verborragia: Transformação

A sacada da #Verborragia é a criação de um mecanismo que me mantenha escrevendo, mesmo se/quando não inspirado. De uns tempos para cá tenho falhado no compromisso, assim, não escrevo nem com ela. Ontem, em particular, fiquei incomodado com meu silêncio, então busquei a palavra, recebendo a sugestão que dá nome à presente reflexão. A sugestão eu recebi ontem, mas não comecei a escrever.

Geralmente, mesmo quando desacompanhado das musas, o ato "escrevístico" se resolve por sozinho, eu só preciso começar; o texto se forma espontaneamente. Eu mais assisto que participo. Ontem eu não conseguia nem começar¹. Não vou traçar um panorama psicológico (seja geral, seja específico de ontem); assumamos apenas que eu estava cansado (com efeito, deitei na cama, adjacente a este computador, só para "esticar as costas", e desmaiei como se tivesse bebido um litro de vodca sozinho. Ah a vodca. Um dia me pergunte sobre ela.). Desânimo? Apatia? Depressão? Não são essas as formas do meu conteúdo. Traçar um texto quase "COACHistico" sobre a transformação que devo(devemos) operar para assumir o controle de nossas vidas? Blá!

Quero falar de forma. Quase tudo pode ser analisado em termos de forma e conteúdo. Como (pseudo)filósofo que sou, têm me importado muito os conteúdos (das coisas, dos relacionamentos, das pessoas, etc.). A forma, porém, precisa ser compreendida e explorada (não confundir com estética²). Quando você diz "dava para ter dito isso de outro modo" você está tentando explorar a manutenção do conteúdo, do qual não discorda, apresentando-o de outra forma, mais palatável, menos rude ou agressiva. Eu posso te apresentar a beleza (curiosamente, aqui um conteúdo) em prosa e em verso³ (agora, a forma).

Vivemos em um mundo material (e isso não constitui apologia ao materialismo), assim, salvo nossos mais íntimos e inefáveis sentimentos, não existe possibilidade de conteúdo sem forma, de significado sem significante. Antes de falar de qualquer alteração da forma (o que é transformação?), é preciso discutir a forma em si. A forma é, parece-me, qualquer invólucro, material ou conceitual, por meio do qual o/um conteúdo possa se manifestar no mundo dos fenômenos. Suprimida a forma, todos os conteúdos não passariam de espíritos completamente invisíveis aos nossos inúteis corpos de médiuns incompetentes. Em um mundo sem formas (e considerando-nos como somos no presente mundo, não adaptados para aquele mundo sem formas), não seriamos capazes de perceber nenhuma existência além da nossa. Estaríamos mergulhados em um absoluto nada.

Enrolei, enrolei, e não expliquei a forma. No mundo objetivo, forma é tudo o que atinge nossos sentidos e nos mostra como é a existência fora de nós: tudo o que você recebe pela visão, audição, paladar, olfato e tato. "Estes não são conteúdos?", você poderia protestas. Mas, ora, se quando você sente o cheiro de queijo você fala de queijo, não de aromas, o odor é a forma, o queijo, o conteúdo; se você escuta Ana Carolina, a garganta arranhado é a forma, o amor desmedido, o conteúdo; se você degusta um doce semelhante àquele feito no passado por sua mãe, o sabor é a forma, a saudade é o conteúdo.

No universo subjetivo isso fica ainda mais interessante. Na filosofia te falariam de significantes e significados. Foda-se. Esse texto é sobre formas. Você poderia achar que a fonte, a cor, o fundo que eu escolhi para este texto, são formas. Mas as letras, desprovidas de cor, justapostas dentro de sua mente e te dizendo algo com sua voz "interior", sem cor, sem tamanho, sem fundo, tudo isso é, ainda assim, forma. O quase inefável sentimento, escondido lá no fundo, talvez imperceptível até para você, de "talvez (TALVEZ) isso faça sentido!", é o conteúdo. Uma cor diferente (azul), manchando a paleta da sua existência interna4

Se tudo que se nos apresenta reside em uma forma, forçoso é aceitar que toda a discussão sobre formas e conteúdos torna-se, virtualmente, inútil. Nossa experiência concreta reside em um amálgama de formas. Qualquer análise que você possa propor que separe qualquer objeto ou conceito em uma forma e um conteúdo pode ser reanalisada pela interpretação do seu pretenso conteúdo como uma forma, com outro conteúdo ainda mais profundo a ser explorado, e isso pode ser repetido ao infinito.

Compreendendo que a discussão Forma X Conteúdo é infrutífera, analisar as formas com honestidade, em vez de abandoná-las enquanto se simula a busca de conteúdos mais profundos, pode nos oferecer rico caminho de "recompreensão" (não gosto da palavra "ressignificação")  de nossas existências objetiva e subjetiva. Nesse processo, muita coisa pode ser transformada, quem sabe, para a melhor!

Transformemo-nos! 

Notas:

1. Leia Dia Ruim!  e Inspiração 

2. Leia Penteado 

3. Leia Musas 

4. Leia "A teoria das cores" 


Para entender o motivo da Verborragia clique aqui (Participe! É grátis e fará um [pseudo]autor muito feliz!)

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