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sexta-feira, 21 de junho de 2024

#Verborragia: Obrigado pela companhia

A "palavra" de hoje é, na verdade, uma sentença. Foi sugerida pela minha amiga Sara Alice, encerrado o jantar. Após meu agradecimento pela interação, provocou-me dizendo "Obrigada pela companhia! Engraçado, porque parece que eu fui 'obrigada' a ir devido à 'companhia'. Fica aí uma ideia de texto.". Ela riu, eu ri, e cá estamos.

Quando recebemos um presente, um favor, uma visita, qualquer coisa minimamente digna da nossa gratidão, emitimos o bom e velho "Muito obrigado!", na origem, algo na linha de "Fico obrigado a te retribuir!". O sentimento de retribuição é mais ou menos intenso, conforme cada pessoa, nulo em muitas, ainda assim, por convenção e hábito, dizemos o "Obrigado!", à revelia de qualquer intenção prática de retribuição.

Ainda dentro dos limites estipulados acima, o sentimento de "Fico obrigado a retribuir!" é ofuscado, quando não totalmente substituído, pelo sentimento de "Estou grato!". A palavra, desacompanhada de qualquer reflexão consciente sobre sua significação original, converte-se em mero envoltório para o termo "Eu agradeço!"; Nada mais.

Restituída à palavra sua significação máxima, topamos com a provocação que dá início a este texto. Mais que um trocadilho, é possível inferir que, de fato, nossas interações são eventos aos quais somos obrigados em função de nossos eventuais interlocutores, as companhias. Toda interação é decorrente de algum tipo de obrigação derivada do interlocutor, ainda que não necessariamente imposta por ele.

Explico: as interações profissionais nos obrigam a permanecer na companhia dos colegas e/ou clientes, queiramos ou não, mas essa obrigação, ainda que derivada das necessidades desses interlocutores de nossa atividade profissional, apoio, intervenção, orientação etc., são uma imposição de nossa necessidade de subsistência, logo, da necessidade de ter emprego.

Já o encontro para o jantar que abre a presente reflexão deriva do afeto que tenho pela referida companhia, ainda que ela não tenha, de modo algum, imposto este afeto (o conquistou).

As interações familiares são derivadas dos laços consanguíneos com os parentes, mas nem sempre a proximidade é uma imposição direta destes, mas sim uma convenção social à qual acabamos por nos submeter (nem sempre).

Isso posto, cada momento que interagimos com cada companhia possível, aquela interação é uma obrigação à qual sucumbimos, seja ou não de bom grado, de modo que a máxima "Obrigado pela companhia" tem, potencialmente, a tripla significação de "Fico obrigado a te retribuir pela sua presença", "Estou grato pelo tempo que passamos juntos" e "a sua existência me obrigou a estar aqui.". Potencialmente porque haverá casos em que possuirá as três significações simultaneamente, noutros uma combinação de duas, noutras, ainda, uma isolada ou, mesmo, nenhuma.

Inclino-me a acreditar que os encontros por afeto são do primeiro e segundo tipos, conforme o grau do afeto, os familiares do terceiro tipo e as demais interações sociais devam oscilar entre o terceiro e quarto.

"E as interações por amor, romance, paixão etc.?", você perguntaria; "se não são do primeiro tipo, estão acima dele!", você poderia inferir. A correta avaliação deste tipo de interação necessitaria de um texto à parte, totalmente dedicado ao entendimento do amor, pois a alocação do amor em um desses 4 modos necessitaria de sua correta interpretação. Não vou fazer tal análise agora; por ora, basta reconhecer que temos as mais variadas (e distorcidas) interpretações para o termo e para o sentimento e, não raro, aquilo que efetivamente experimentamos dificilmente passaria do terceiro ao segundo tipo, por mais que seu pseudo-romantismo proteste a respeito. A distorção do emprego do termo (e do sentimento) é tamanha que distorceria até as três significações ora propostas, portanto, em vez de 4 modos, chegaríamos a 8. As significações possíveis passariam (com efeito, passam) a ser: "ME faz muito bem o que EU extraio da sua presença", "Estou SATISFEITO com o tempo que passamos juntos" e "MEUS interesses te obrigam a estar aqui.". Você reconheceu estas máximas enquanto as lia! Eu sei! Ora praticando-as, ora sofrendo-as; de qualquer modo, agora deve estar mais capacitado a compreender que não sabe bem o que é amor, não importa quantas declarações já tenha feito e/ou recebido. Sem querer rimar, mas já rimando, "a cura está no afeto!".

Se você leu até aqui, obrigado pela companhia.

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