Cabeçalho

Há anos ocorrem ricos diálogos sobre Civilização Humana e Filosofia, Teologia, História e Cultura em geral! Tudo que possa interessar a alguém que espera da vida um pouco mais que outra temporada de BBB! Após diversos convites a tornar públicos estes diálogos, está feito! Quem busca uma boa fonte de leitura, por favor, NÃO VISITE este site. O que esperamos, de fato, é a franca participação de todos, pois não se chama “Outros Discursos”.

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020

Politeísmo Cristão

     Estava aqui pensando no politeísmo esquizofrênico do cristianismo. Sim meu amigo, o cristianismo é politeísta, porém, de uma forma distorcida e, consequentemente, opressora. Como deve ser terrível (e pobre, espiritualmente) viver a metafísica (em outras palavras, "enxergar a vida espiritual") do modo que eles inventaram.

     Eles criaram um mundo no qual o demônio é onipotente, onisciente e onipresente. Deus não. Reflita! Se você decide seguir uma religião mas não habita um mundo com apenas uma, terá apenas duas opções de relacionamento com as outras religiões. Ou você:

A) estabelece uma política de boa vizinhança, admitindo de algum modo haver verdade na sua E na dos outros, mesmo que seus "textos sagrados" ainda não tenham estabelecido esta conexão OU
B) você define que todas as hipóteses externas àquelas de sua própria religião são invariavelmente falsas.

     Um exemplo muito rico do primeiro caso é o Budismo, o qual não expurga a ideia de nenhum deus de nenhuma religião, tampouco seleciona para si um deus (daí a ausência de conflito com outras divindades), mantendo seu foco no aprimoramento espiritual e moral do individuo (o que, sem dúvida, agradará todos os deuses. Um único homem autenticamente ético vale o mesmo que mil homens parcialmente crentes). Outro bom exemplo disto pode ser encontrado no Hinduísmo o qual, com panteão tão extenso, acaba obrigado a abraçar, em seu imenso coração de mãe, qualquer deus externo como possível manifestação de algum deus hindu.
     Um forte exemplo do segundo caso pode o islamismo (ao menos algumas linhas). Estes crentes são plenos em sua fé (e falo assim sem julgar como positivo ou negativo. Apenas como ilustração). Nada tem com deuses externos (salvo o Deus judaico-cristão, é claro), não os procuram, não evitam, nem mesmo temem, pois em sua visão de mundo são simplesmente inexistentes.
     O cristianismo (talvez não inteiramente, mas com certeza em sua maior parte) não está na primeira nem na segunda hipótese. Seu Deus é tristemente murcho, inábil (não pelo Deus em si, mas pelas características que seus divulgadores Lhe impuseram) em lidar com homens que não estiveram nas linhas históricas e geográficas de sua propagação. Não está com homens que não conhecem seu nome, a menos que um grande ato de generosidade de um ímpio force um crente a dizer "este homem não admite, mas certamente tem o coração em Deus!".
     No que diz respeito a Deus são monoteístas da forma mais tacanha possível. Deus está apenas na palavra revelada, no polo da prece, agente do milagre. Já o demônio - AH! O demônio! - recebe toda honra e toda a glória. Para ele são politeístas radicais e irreversíveis. Cada esbarrão com um deus diferente (e em um mundo de 7 bilhões de habitantes o que não faltam são esbarrões com deuses diferentes) é totalmente despido de qualquer possibilidade de reconhecer naquele deus algo do próprio Deus (eliminação da hipótese A), mas também é invariavelmente despido da chance de indiferença ou inexistência (eliminação da hipótese B). O deus do outro é real; é concreto; é atuante; é poderoso; mas não é Deus, é um disfarce do demônio. Cada deus é uma "artimanha do enganador", "ilusão do tentador", "sedução do encardido", e por aí vai.
     Deus fica quietinho guardado no templo e na Bíblia enquanto o demônio baila livre se deliciando com a companhia de cada "heterocrente" (neologismo inventado no momento desta linha para descrever crentes de outras religiões), protegendo-os, orientando-os, convidando-os à virtude (hein?) e às boas práticas, fazendo de cada ser um evangelho vivo (HEIN?).
     Ok! Ok! Forcei a barra aqui. Mas estou mentindo? O mundo fora da fé cristã é um caos de pecado e corrupção? OU o mais honesto seria dizer que justiça e impiedade estão igualmente distribuídas em doses indiferentes aos sensos de religião?

Nenhum comentário:

Postar um comentário