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Há anos ocorrem ricos diálogos sobre Civilização Humana e Filosofia, Teologia, História e Cultura em geral! Tudo que possa interessar a alguém que espera da vida um pouco mais que outra temporada de BBB! Após diversos convites a tornar públicos estes diálogos, está feito! Quem busca uma boa fonte de leitura, por favor, NÃO VISITE este site. O que esperamos, de fato, é a franca participação de todos, pois não se chama “Outros Discursos”.

quinta-feira, 19 de maio de 2022

#Verborragia: Honestidade

 Para entender o motivo da Verborragia clique aqui (Por favor Participe! É grátis e fará um [pseudo]autor muito feliz!). A palavra de hoje é "Honestidade". As circunstâncias da escolha convertam esta Verborragia particular em um casal de gêmeos. A mesma palavra gerará uma reflexão hoje e um conto em breve.

Escolheu-se a palavra em sua forma de substantivo, não como adjetivo. Fosse ou não a intenção na hora da escolha, parece-me interessante explorar esta característica.

Caso adjetivo, precisaríamos do sujeito, alguém a quem aderi-lo, como um tipo de adereço (um dia comento meu desagrado por adornos. Palavra). Ocorre que um adjetivo parece descrever o sujeito, tem essa função na gramática, mas não é bem assim na vida prática. Aspergimos as adjacências com adjetivos como quem joga confete em um ventilador com as pás em posição horizontal. Ora, confete pode até grudar na pele de alguém, mas não lhe atinge a essência.

O substantivo pode ser analisado em sua essência, naquilo que é de fato. Uma pessoa portando um adjetivo pode nunca ser, em essência, aquilo que o adorno sugere. Preciso reconhecer, porém, que a Honestidade em si, sem sujeitos, continua evocando um sujeito. Ela é um tipo de gérmen de adjetivo: Esforcemo-nos para adiar sua eclosão.

A Honestidade em si é, parece-me, um ideal, um conceito distante e paradoxal: quanto mais a despimos de um sujeito ao qual aderir, mais resseca, como planta sem substrato; torna-se cada vez mais conceitual, menos factível, até virar casca de pupa cujo dono original já transmutou e voou. Paradoxo, repito, pois a inferência acima cria a ilusão que reaproximando-a de um sujeito/hospedeiro qualquer lhe restituiremos a solidez; ora, no limite, aderida ao sujeito e convertida em adjetivo torna-se quase nada, uma casca de pupa cujo dono original transmutou e voou (repetição não acidental).

Precisamos, por esforço intelectual, supor um ponto a meio caminho dos dois polos acima no qual a honestidade possa ter e ser algo, ter tanta substância quanto o "ser substantivo" permite.

Aqui nesse ponto ideal (boa noite Platão) a honestidade é/pode ser retidão, justiça, equidade, transparência, Lealdade (leia a Verborragia da semana passada), etc. Este ponto é muito sútil; insustentável; a menor distração e já nos pegaríamos escrevendo "atributo do que ou de quem é honesto.".

Pra ser honesto preciso admitir que a honestidade, enquanto substantivo, é fumaça de cachimbo: se desfaz no mesmo instante em que você estende a mão para apanhá-la; Disto deriva o receio de que a honestidade enquanto ato seja inalcançável: alguém é capaz de ser honesto? (sim! despencamos no adjetivo).

Deve haver níveis de honestidade e, com isto, pessoas mais ou menos aderentes a ela: HEURECA! O "ser honesto" é um adjetivo que se desfaz quando tentamos aderi-lo a alguém. Se, por outro lado, mantivermos a Honestidade como substantivo, perfeitamente preservada no sutil ponto citado há pouco poderíamos, talvez, tornarmo-nos adjetivos, procurando, em maior ou menor grau, conforme nossas capacidades, aderir a ela.

A Honestidade como adjetivo é nula, discurso vazio de políticos corruptos e pretendentes a namorados canalhas. A Honestidade como substantivo é referência, Norte, rumo ao qual podemos nos mover se tivermos suficiente boa vontade.

Pronto! "Dá-me um ponto de apoio e eu moverei o mundo!"

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