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Há anos ocorrem ricos diálogos sobre Civilização Humana e Filosofia, Teologia, História e Cultura em geral! Tudo que possa interessar a alguém que espera da vida um pouco mais que outra temporada de BBB! Após diversos convites a tornar públicos estes diálogos, está feito! Quem busca uma boa fonte de leitura, por favor, NÃO VISITE este site. O que esperamos, de fato, é a franca participação de todos, pois não se chama “Outros Discursos”.

quinta-feira, 21 de julho de 2022

#Verborragia: Maratona

Para entender o motivo da Verborragia clique aqui (Por favor Participe! É grátis e fará um [pseudo]autor muito feliz!). A palavra de hoje é "#MARATONA".  Primeiramente, este não é um espaço de coaching, portanto, nada de "a vida é uma maratona. Vá lá e vença!" por aqui. Vamos por outro caminho.

Despidos do lugar comum dos discursos vazios e "clônicos", resta-nos avaliar a história/parábola da maratona como ela é, sem os adornos que lhe atribuíram. A única verdade incontestável é: Fidípides MORREU!

Todos os emocionados discursos sobre o grande exemplo de esforço, dedicação e superação daquele primeiro maratonista sobrecarregam o ato com nobreza e autruísmo que não estão verdadeiramente lá e transformam em coroa um acidente terrível: Fidípides MORREU!

Morreu por uma causa nobre? Despojou-se até do apego à vida por uma causa maior? Oh! Que magnífico espírito apaixonado pela nação que desejou salvar a qualquer custo. Isso é falácia. Sacrifício significa consciência e decisão do ato. Ele não decidiu morrer. Não recebeu uma escolha do tipo "olha. É longe. Fazer esse caminho te matará. Você vai mesmo assim?". Não, parceiro. Ele era mensageiro. Pegou só mais uma carta no que era só mais uma terça feira e partiu como um "Ifood" sacudindo nosso almoço. Correu porque era urgente; não nego. Não correu por sacrifício. Por acidente -por puro acidente- Fidípides MORREU!

Mortes súbitas ocorrem o tempo todo, até mesmo com esportistas profissionais, com equipes analisando condições físicas, colesterol, alimentação. Imagine então Fidípides, em sua dieta de peixe frito, morcilla (ou algum outro embutido para viagem) e vinho; Não podemos nem mesmo falar de "descuido" com a saúde. Sabe-se lá o que consideravam saudável na época. OK. Admito que forcei a barra aqui; sabemos que a culinária grega contém bases muito saudáveis e a alimentação da época clássica não deve nada à atual, mas havia algo mais que aquela jornada isolada; morte por exaustão requer um processo; não é um evento momentâneo e sem causas. Ele devia ter um corpo bem desenhado para os padrões da época (provavelmente para os atuais também), fruto do trabalho de mensageiro, logo, deveria ser considerado saudável. Correu mais que o habitual, carregando um coração já silenciosa e progressivamente debilitado, então Fidípides MORREU!

Esta não é uma reflexão sobre sacrifício, nobreza, autruísmo. É uma reflexão sobre nossas vidas. Cada Vida é uma maratona em si. Não importa a profundidade que lhe atribuamos ou o quão superficialmente a levemos, no final somos todos Fidípides e Fidípides MORREU!

Este não é um convite para procurar profundidade, tampouco gozar da superficialidade; não é uma apologia ao Almir Sater ("ando devagar porque já tive pressa ..."), nem um manual de "mantenha o ritmo". Viva como desejar. Como lhe faz bem. Como lhe parecer autêntico viver, desde que seus atos não machuquem ninguém no caminho (não seja leviano). Caminhe ou corra, lute ou abrace, jejue ou devore, mas esteja lá. Observe o caminho, os atos, os sabores, as dores. Seja uma nova lenda. Faça que alguém, lembrando de você lá no futuro distante, diga com alegria, orgulho e saudade: "Este foi um novo Fidípides e Fidípides VIVEU!"

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