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Há anos ocorrem ricos diálogos sobre Civilização Humana e Filosofia, Teologia, História e Cultura em geral! Tudo que possa interessar a alguém que espera da vida um pouco mais que outra temporada de BBB! Após diversos convites a tornar públicos estes diálogos, está feito! Quem busca uma boa fonte de leitura, por favor, NÃO VISITE este site. O que esperamos, de fato, é a franca participação de todos, pois não se chama “Outros Discursos”.

quinta-feira, 14 de julho de 2022

#Verborragia: Todos

Para entender o motivo da Verborragia clique aqui (Por favor Participe! É grátis e fará um [pseudo]autor muito feliz!). A palavra de hoje é "TODOS". Todos os visitantes deste espaço estão em busca de algo que não está aqui.

Conhecimento, Clareza, Sabedoria, Bacon, Deus, Prazer, Tranquilidade, Aventura, Emoção, etc. Todos os não visitantes também. A busca, consciente ou não, é um estado natural e constante do espírito humano. Todos que se compreendem como praticantes de vias espirituais consideram inferiores as buscas dos materialistas; estes julgam inúteis e ilusórias as buscas daqueles.

Todos discordam quanto ao objetivo; todos se encontram no ato: A Busca.

O que há no coração humano que o mantém neste Estado? Como se formou? Foi posto aí? Perceba que em termos biológicos isto é inútil; não tem efeito significativo na sobrevivência do indivíduo, tampouco na da espécie. Trata-se de um desperdício de energia que não é comum em outras espécies: no geral, buscam alimento, segurança e eventual conforto (este uma derivação e indicativo daquela). No mais, estacionam; descansam, dormem, etc.. Vez ou outra uma brincadeira, um deleite, nada muito extravagante. Impera a economia.

Mais que a fome, as peculiaridades intelectuais, as aptidões físicas, os interesses subjetivos, o que realmente nos une e nos torna "TODOS" no lugar de "eu e eles" ou "nós e os outros" é a busca.

O que é esta constante sensação de insuficiência que nos rasga o coração e nos põe em movimentos e tarefas totalmente desnecessárias? Puro desperdício de energia e recursos. (leia O Fim do Tempo, texto que bem poderia ter sido batizado de Saudade). Na primeira infância somos sensatos, talvez por sermos mais animais que humanos (não se ofenda, parceiro/a; isso foi um elogio), assim, acordamos, suprimos nossas necessidades de alimento e conforto e voltamos ao sono. Somos a tal "tábula rasa". Conforme crescemos nosso intelecto ou espírito (escolha o termo que preferir) se desenvolve ao mesmo tempo que complica; neste processo outras necessidades e desejos vão suplantando as necessidades fundamentais; você poderia falar de condicionamento; algo que vai sendo inserido ali pelos pais, familiares, amigos, etc. . Concordo e apoio (Leia A Falácia do Consumo), ainda assim, há algo interno, quiçá inerente, impossível de rastrear e conectar com alguma imposição ou mesmo sugestão externa; crianças criadas nas mesmas circunstâncias e ambiente podem se tornar adultos com gostos e interesses totalmente distintos; as buscas do meu filho divergem daquelas que indiquei. Os interesses, gostos, sintético as buscas, não são maiores e mais diversas na fase adulta que na infância em função de adição (na superficial sim, mas no fundamento não); se expandem com um "quê" de presença a priori, como as asas da borboleta recém saída do casulo: a coisa toda já estava lá, então se desdobra cobrindo uma área algumas vezes maior que a original.

Estou em apuros. Pretendia não seguir vias metafísicas hoje, mas esse "a priori" gera uma complicação. Façamos o seguinte acordo: vou me esforçar para ser o menos metafísico possível e você se esforça para não rejeitar as pré-disposições ora propostas (tanto quanto lhe for possível, é claro).

Veja: Nosso DNA não estuda história. Trata-se de um código absurdamente complexo e avançado, o qual me equipou com um oceano de ferramentas e funções para sobreviver no mundo, mas ele não "sabe" nada da nossa civilização; programou-nos para copular, protegendo a espécie, sem qualquer ciência das igrejas, continências e castidades; desenvolveu-se para nos tornar bípedes, mas nada sabe da invenção dos carros; desdobrou-nos fisiológica e intelectualmente para termos a fala, mas ignora que estamos aqui, neste diálogo a distância, sem precisar gritar; deu ao meu olhar a capacidade de localizar com maior facilidade certas cores (vermelho, por exemplo), e nem imagina que agora a fruta está no mercado; até onde nosso DNA sabe, estamos no ponto das primeiras capelas, nômades e coletores. A seleção natural foi interrompida e, com ela, a evolução (biologicamente falando) foi retardada.

Por que entrei nesse tema?, você quer saber. Ocorre que se, por esforço intelectual, subtrair-mos todas as inclinações (portanto, as buscas) que pareçam ter origens externas (sugestões, condicionamento, etc.) e mantivemos o foco naquelas que pareçam natas, a defesa de "origens genéticas" não passará de uma escolha arbitrariamente tendenciosa; ciência escolhida a dedo para justificativa uma opinião injustificável. Se/quando formos capazes de decifrar o DNA inteiro eu sou capaz de aceitar que encontremos, numa linha ou noutra, a explicação de meu gosto por um alimento em detrimento de outro, ter mais prazer no frio que no calor, me atrair por certas morfologias do corpo feminino e não por outras, mas nada ali explicará porque não gosto de futebol, porque sou apaixonado pela lua, porque quase choro lendo Bergson (dica: não é poesia), porque me encantei pelo hinduísmo, ainda que criando em berço católico, etc.

Ok. Perdi a mão. Estou no limiar do descumprimento do voto feito à pouco: ao descartar condicionamento e genética e, ainda assim, encontar buscas, o desejo de atribuí-las a motivações transcendentais é desesperador.

Paro por aqui. Não vou te torturar com minhas opiniões metafísicas; são "a minha busca", não a tua. Ainda assim, segues buscando. O que você busca? Por que busca?

Por que todos?

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