Cabeçalho

Há anos ocorrem ricos diálogos sobre Civilização Humana e Filosofia, Teologia, História e Cultura em geral! Tudo que possa interessar a alguém que espera da vida um pouco mais que outra temporada de BBB! Após diversos convites a tornar públicos estes diálogos, está feito! Quem busca uma boa fonte de leitura, por favor, NÃO VISITE este site. O que esperamos, de fato, é a franca participação de todos, pois não se chama “Outros Discursos”.

quarta-feira, 2 de abril de 2025

#Verborragia: Horizonte (II)

 Quando Horizonte¹ foi novamente sugerido, há alguns dias, informei que já existia texto sobre aquela palavra; a réplica veio em forma de convite, sugerindo que eu expandisse o texto, concentrando-me em "explorar mais os 'horizontes infinitos' – Como as infinitas possibilidades podem ser paralisantes ou libertadoras, dependendo de como olhamos para elas.".

Minha geração viveu o irreplicável evento histórico de assistir o mundo analógico transforma-se em digital. Pensando em videogames, assistimos duas barras que se moviam paralelamente para rebater um ponto, simulando uma bolinha de ping-pong, transformarem-se em representações tão precisas dos dados sensoriais ao nosso redor que estamos a uma geração (de games, não de pessoas) de não saber mais distinguir realidade de simulação; mas esse texto não é sobre tecnologia. Quero apenas a alegoria extraível dos primeiros jogos, nos quais um personagem se movia apenas para os lados, com um objetivo definido e imutável, o final daquela linha horizontal, bastando apenas superar aqueles obstáculos, e chegamos a jogos de mundos tridimensionais, tramas e possibilidades quase ilimitadas: missões principais, secundárias etc. Não poucos jogos te dão a opção de simplesmente desprezar a história e arranjar um emprego (sim, meus amigos; o descanso do sujeito, no fim de um longo dia de trabalho, é simulando um longo dia de trabalho).

Perceba uma coisa: Nos deleitamos com a multiplicação das possibilidades; jamais ninguém dirá que um jogo com uma única opção de final será superior ao com múltiplas. Inconscientemente, somos fascinados pela multiplicação de possibilidades e pela experiência de navegar entre elas.

Se tratamos assim os jogos, por que não fazemos o mesmo com a vida?

A resposta é simples: somos encantados pela multiplicidade de opções, de experiências, de histórias, de desfechos, mas nos deixamos aterrorizar pela insegurança decorrente da mesma multiplicidade.

Quando no jogo, por mais que tenhamos sensações legítimas de medo, saudade, preocupação etc., nenhuma perda é real e tudo é passível de reinício. Eu posso desligar o console e retornar ou reiniciar a experiência a qualquer momento.

Na vida, parece-nos, tudo é (tratamos tudo como se fosse) capital; estamos sempre a um passo do fim, sem ponto de salvamento ou recuperação.

Os infinitos horizontes, tão magníficos quando em um jogo de mundo aberto, nos aterrorizam quando saímos da cama pela manhã.

Eu tenho algumas surpresas para você:

* 90% das suas preocupações só existem na sua cabeça e nunca sairão de lá²;

* Todo o anoitecer é um "ponto de salvamento" e todo amanhecer é um "restart";

* Você já passou por coisas muito piores do que esse momento;

* Você já riu de você por ter esperado o pior e o pior não veio;

* 90% das suas preocupações só existem na sua cabeça e nunca sairão de lá (repetição não acidental).

A infinidade de horizontes pode te entusiasmas, como acontece com o jovem ao acionar o console, ou pode te paralisar, como aquele último segundo do esportista amador à beira do precipício (ainda que ele tenha deliberadamente pago pelo salto de asa-delta).

Me foi dito que "a sensação de que sempre há algo além, de que cada passo revela novas possibilidades, me fascina!". Devemos olhar para as possibilidades com encanto; receber a complexidade e vastidão dos encadeamentos possíveis com fascinação, pois é isso que a vida é: #Fascinante.


Notas:

1. Leia Horizonte

2.  Leia Trancar 


Para entender o motivo da Verborragia clique aqui (Participe! É grátis e fará um [pseudo]autor muito feliz!  )

Nenhum comentário:

Postar um comentário