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quinta-feira, 25 de agosto de 2022

#Verborragia: Bajulação

  A palavra de hoje é #Bajulação e lá vamos nós para mais uma complicação (rima não intencional). 

Sem visita ao dicionário parece-me ser simples e generalizada a compreensão deste termo como o ato de elogiar e/ou exaltar um terceiro exageradamente. Dizemo-nos mutuamente que é uma postura inadequada e, via de regra, quase ninguém gosta de bajuladores.

Tal atividade perturba as pessoas há tanto tempo que chegou a ser incluída como atividade indevida até em algumas religiões, sendo um indicativo de pouco avanço espiritual.

Dadas estas premissas, qual a fronteira entre a Bajulação e a admiração autêntica?

Já que mencionamos religiões, convém notar que nenhuma delas existe sem a realização consistente e prolongada de louvores às suas divindades. Manifestação sincera de amor e gratidão? Ou barganha? Bajulação vazia em busca de favores divinos (Bençãos, milagres, proteção, etc.)? Vai depender do coração de cada crente. Não vou me aprofundar na religião para não converter este texto em crítica à religiosidade. Mantenhamo-nos atentos aos indivíduos.

Removida a religiosidade e as divindades não se desfaz o cenário de provável barganha: a bajulação com intenção de conseguir favores e/ou benefícios. Quando se fala em bajulação o primeiro exemplo que vem à mente é o daquele colega de trabalho promovido por puro "puxasaquismo", em detrimento doutros, evidentemente mais esforçados. Discutir este tipo de bajulação é um risco, pois ainda que tenha ocorrido, ao menos potencialmente, não é impossível que a compreensão geral dos eventos tenha sido distorcida pelos ressentimentos do sujeito não promovido.

Você consegue perceber como é fácil descrever e localizar a bajulação e, ainda assim, como é frágil a defesa de sua existência?

Qual a fronteira entre a bajulação e a admiração autêntica?

Parece que a bajulação fica comprovada/demonstrada pelo exagero e repetição. Ora, não são exageradas e repetitivas as declarações de elementos apaixonados? "Pera lá!", você protestaria, defendendo que à descrição acima precisamos anexar a afirmação "com objetivo de obter algo em troca". Aqui quem protesta sou eu: qual interação humana ocorreu sem objetivo de obter algo? Podem ser benefícios materiais; pode ser simples reciprocidade afetiva; um pouco de atenção; todo enamorado é bajulador? Mesmo saindo dos enamorados, como ficam as amizades? A admiração mútua entre amigos? O carinho? Procura-se algo, mesmo que o "algo" seja a simples presença do outro. Qual a fronteira entre a bajulação e a admiração autêntica?

Talvez a ideia de amizade seja um bom "estudo de caso"; no limite, todas as interações humanas apresentam, em algum nível, trocas e interesses, logo, dentro dos critérios acima, todas poderiam ser classificadas como bajulações; por outro lado, há níveis de amizade que se passam, para todos os efeitos, como desinteressadas (não confundir com indiferentes); amores (semi) incondicionais; em termos matemáticos, o zero (volume de interesse) não é possível, mas "tendem ao zero". Está tendência, quando observada, pode ser um indicador da possibilidade prática da admiração autêntica. Procura-se o outro pelo que ele é (tanto quanto possível) e não pelo que pode oferecer (embora ofereça a si mesmo).

A amizade sincera e autêntica não é impossível, embora evidentemente rarefeita (Leia Amizade); mesmo nos grandes amontoados de amigos (refiro-me aos indivíduos que possuem muito amigos; não a um encontro específico destes amigos num dado ponto do espaço e do tempo) não é difícil localizar variações nas escalas de interesse e utilidade (não me interprete mal. Isso não é uma censura. É uma questão natural) . Neste oscilar da escada consegue-se isolar um seleto grupo (ou mesmo indivíduo) evidentemente mais próximo ( \\\/// ) e, assim, exemplo claro do que pretendemos demonstrar. Admira-se este indivíduo ou grupo, oferece-lhe companhia, atenção, carinho, "Bom dia", "Respire!", com a mais sincera intenção de cuidado e acolhimento, sem qualquer expectativa de retorno a não ser a oportunidade de assistir o bem se instalando naquela existência.

É bajulação tudo que sai deste restrito circulo? Penso que não exatamente. Se acabamos de falar em escalas, há de se notar algum espectro largo e diversificado que tende à admiração legítima (se preferir, leia como "amizade pura") num polo e à plena (e torpe) bajulação (interesseira?) no outro. Onde cada um de nós aloca seus próprios relacionamentos fica como lição de casa (auto-análise). Onde cada terceiro se situa em seus próprios padrões de relacionamento e comportamento não é nosso papel julgar; cabe, no máximo e se houver oportunidade, admoestação. No mais, café!

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