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Há anos ocorrem ricos diálogos sobre Civilização Humana e Filosofia, Teologia, História e Cultura em geral! Tudo que possa interessar a alguém que espera da vida um pouco mais que outra temporada de BBB! Após diversos convites a tornar públicos estes diálogos, está feito! Quem busca uma boa fonte de leitura, por favor, NÃO VISITE este site. O que esperamos, de fato, é a franca participação de todos, pois não se chama “Outros Discursos”.

quarta-feira, 18 de outubro de 2023

#Verborragia: Caminho

A palavra proposta para esta quarta me causou alegria quando li, embora não tivesse pensado, de pronto, por qual caminho seguiria para desenvolvê-la. Pareceu-me, a primeira vista (e segunda, também terceira), suave, agradável e profunda. Caminho por aqui.

O primeiro ponto que me agrada é a dupla significação, sendo-lhe possível transitar entre substantivo e ato sem necessidade de qualquer flexão (tal qual empregos no primeiro parágrafo). Essa ambivalência do termo se sustenta ainda que eu não saiba onde pretendo chegar (na vida, na via e neste texto). A dupla significação do termo se realiza pela simples decisão de me movimentar: Se me ponho em movimento, exista ou não destino, exista ou não um plano, um mapa, eu caminho; e seu eu caminho, automaticamente se constitui, à minha frente, um caminho.

Como já dizia Almir Sater, "Caminhos me levem, aonde quiserem, se meus pés disserem que sim.".

No texto (e na via; e na vida) já me peguei muitas vezes sem ideia da finalidade (isso é mais frequente que seu contrário) e, não raro, faço -me estático. Isso é um problema! Não saber a direção é aceitável (quiçá natural), mas não se mover é devastador. Um único dia no qual não me movo (na via; no texto; na vida) basta para iniciar uma reação em cadeia de recorrente inação, cada momento estagnado justificando e promovendo a estagnação seguinte. Um único "está bem. Por hoje paro. Só por um momento. não há mal algum!" é a armadilha sutil que interrompe o caminho, substantivo e verbo. Sendo toda a existência humana baseada na dupla órbita de sujeito e verbo ¹ entre si ("eu sou", "ele foi", "ela fará", etc.), a subtração do ato, do movimento, do caminho, é base para um processo de desconstrução do indivíduo que culminará na inexistente dele mesmo; uma carcaça que esqueceu de morrer, atônita, apática, inútil (não confundir com desconstrução do ego, tampouco com o hábito da atualidade de tratar ego como inimigo. Já discutimos isso ²).

Recuperado o movimento (não caiamos na armadilha de usar nossa ignorância sobre destino ou propósito para justificar a estática) , nascem automaticamente Caminho e Caminho (ato e meio), ambos prenhes de horizontes, infinitos destinos.

Dou um passo, logo, eu caminho. Se/quando caminho, encontro o Caminho. 

O trecho acima foi composto na tarde de 17/10/2023. O que segue está sendo digitado no início da tarde de 18/10/2023.

Na noite entre aquele momento e agora passei por um injustificável momento de desesperança ³. Uma tristeza generalizada, embora nenhum evento externo me tenha atingido diretamente. Faz dias que sofro com as imagens dos feridos e mortos na Palestina, sobretudo as imagens das crianças 4, mas ainda que isso possa ter catalisado a tristeza, não me parece ter sido a causa. Cheguei a publicar "Parece que a única lei do mundo é a injustiça. Não tem ninguém olhando. Não tem ninguém ajudando. Não aguento mais." no Twitter. Senti uma descrença geral em tudo e em mim, como se eu estivesse aquém de tudo que produzo, ou melhor, como se todos os meus atos fossem medíocres e inúteis. Na volta pra casa, de moto, até a coragem de entrar em corredores eu perdi. Foi uma noite estranha. Do mesmo modo que veio, foi. Acordei disposto, antes até do alarme tocar, lavei a louça, arrumei a cama (entre outras atividades matinais comuns), e fui trabalhar.

Senti-me, então, em um dilema. O que descrevo acima demonstra que, por um momento, interrompi o movimento que eu mesmo propunha na primeira parte do texto. Seria hipocrisia concluí-lo e publicá-lo?

Decidi que não. Como sempre, quem escreve nada mais é que o primeiro leitor do texto, assim, o convite também era para mim. Abandonar o texto seria, isso sim, a sucumbência à inércia, não o sentimento da noite passada.

Voltei, escrevi, publicarei.

Ninguém disse que o Caminho seria isento de obstáculos. Nunca disse que Caminho sempre com o mesmo ritmo.

Caminhemos!


Notas:

1. Leia “Ser” Humano! Mesmo? Que tal “Tornar-se”? 

2. Leia Inflação 

3. Leia Encorajo 

4. Leia Interestelar 


Para entender o motivo da Verborragia clique aqui (Participe! É grátis e fará um [pseudo]autor muito feliz!   )

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