Essa palavra foi proposta no final da semana passada, mas mergulhei em outras atividades, deixando sua elaboração de lado até hoje (07/05/2025. Quarta-feira. 13:30). Acho que foi um hiato positivo, pois enquanto eu começava essas palavras me vinha à mente que esse foi um período de enraizamento.
Há plantas, já ouvi falar, que passam longos períodos mergulhando fundo suas raízes na terra, sem desenvolvimentos expressivos de suas partes aéreas, antes de começar a crescer de verdade. Fiquei, portanto, imaginando que a palavra de hoje fez o mesmo: preferiu passar um tempo enraizando antes de se projetar para fora do solo.
Ora, sendo meu espírito o próprio solo, as palavras ora traçadas são os primeiros ramos e folhagens desta reflexão. Por onde ela andou enquanto não a notávamos?
Quando penso em mente (ou espírito. Você escolhe), me é natural imaginar algo fluído: uma infinidade de ideias, sensações, desejos, sentimentos e afins, dançando como um caldo de muitas cores, ora se misturando, ora não.
(nova pausa, agora para retornar ao trabalho. Escrita retomada às 22:59 do mesmo dia. Eu já te expliquei. Gosto de anotar esse tipo de detalhe).
Para efeito imagético, abrirei mão momentaneamente de minha interpretação fluídica da mente/espírito e simularei que seja fixo, tão sólido quanto possível. Bem! Esqueça que eu apliquei o termo "fixo"; há de se convir que nem todo fluído é líquido; areia é uma espécie de fluído. Assumamos, portanto, que a mente ora idealizada é um substrato arenoso, guardando parte da mobilidade da mente/espírito real, mas com elementos de solidez para viabilizar, ao menos figurativamente, o enraizamento ora pretendido.
Dadas estas premissas, devo assumir que todas as palavras propostas até hoje para a #Verborragia ¹ tiveram, em maior ou menor grau, esse tempo de enraizamento para então nos devolver, em reflexão, ficção e verso, suas folhagens, flores e frutos. Também tudo o que você leu ao visitar esse espaço, ou ouviu de um parente, ou espiou em uma notícia, enraizou em você em certa medida de frutificou como posicionamento, opinião, receio, preconceito etc.
A raiz tem aquela peculiar dualidade de conferir nutrição e estabilidade à planta da qual faz parte:
* Quão profundamente enraizadas estão tuas ideias? (para o bem e para o mal);
* Até que medida você é capaz de, conscientemente, favorecer o enraizamento das melhores ideias e valores?
* Quanta força você tem para arrancar pensamentos torpes pela raiz? (não poucas espécies de plantas, caso cortadas sem remoção das raízes, tornam a crescer)
* Qual o critério definitivo e eficaz para distinguir os valores bons dos torpes?
As três primeiras perguntas são de resposta variável, não só por serem distintas para cada pessoa mas, sobretudo, por serem ajustáveis: cada pessoal tem o potencial de ajustar voluntariamente sua capacidade de manejo destas raízes, desde que procure desenvolver essas potencialidade consistentemente. O ponto chave é: de que vale ter desenvolvidas as potencialidades de nutrir as raízes do que é bom e arrancar as raízes do que é ruim, se não sabemos distinguir adequadamente um e outro?
Este texto não tem objetivo moralista: Não vou elaborar longas listas de pensamentos, sentimentos, valores e inclinações, separando os preferíveis dos execráveis, afinal, ignoro "o critério definitivo e eficaz para distinguir os valores bons dos torpes". Lamento!
Hoje não vim te dar frutos, vim oferecer uma frágil raiz ao solo do teu espírito: A Busca!
Nutra essa raiz diligentemente e volte para me mostrar seus frutos.
Mas busca de quê?
A busca pela pela capacidade de, conscientemente, favorecer o enraizamento das melhores ideias e valores; a busca pela força suficiente para arrancar pensamentos torpes pela raiz; a busca por critérios mais maduros e, sobretudo, humanos para distinguir os valores bons dos torpes.
Nota:
1. Para entender o motivo da Verborragia clique aqui (Participe! É grátis e fará um [pseudo]autor muito feliz!)
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