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quarta-feira, 15 de setembro de 2021

Ganesha

      No meu oratório tenho uma imagem do Steven Universo. Ganhei de dia dos Pais e a mantenho lá, assim, no momento de oração, enquanto meus olhos transitam pelos profundos significados das representações da Trimurti também passam pelo desenho animado e, com isso, meu coração retorna ao meu filho.

      No momento de oração de hoje Shiva reteve minha mente em seu próprio filho, Ganesha. Não vou reproduzir aqui a história deste (em caso de curiosidade, pesquise), mas basta saber que ele não nasceu com cabeça de elefante, mas sim com cabeça humana. Em um momento de atrito com o pai (não questione. Importa o significado. Não o ato) Shiva arrancou a cabeça do filho; após receber esclarecimentos da mãe (Parvati), Shiva devolveu a vida a Ganesha colocando nele a cabeça do primeiro animal que encontrou, a de um elefante.

      A pergunta que nunca cala é: Por que não a cabeça original? Não importa o quão longe a cabeça tenha caído, não seria impossível para um deus ir buscá-la em instantes. Há muito para refletir:

      * Se entendermos a cabeça como símbolo para MENTE, poderemos facilmente interpretar que o ato de Shiva foi remover de seu filho a obstinação irrefletida de manter-se em sua posição; ele estava guardando a porta de entrada por ordem da mãe à revelia da tentativa de entrar do pai, Shiva. Nossa mente é, muitas vezes, o maior obstáculo para o encontro com a divindade, para a entrada do que é divino em nossa vida. Convém, de fato, que a própria divindade a remova, quando não somos por esforço próprio capazes de contorná-la. Não à toa Ganesha começa a história sendo um obstáculo (ele impediu Shiva de passar) e torna-se, na mitologia hindu, aquele que remove os obstáculos. Ainda no contexto de MENTE, se Shiva devolvesse ao filho a mesma cabeça, a mesma mente, nada teria mudado, nenhum avanço teria ocorrido. Shiva dá ao filho uma nova mente, nova perspicácia, nova força, atributos representados pelo elefante.

      * Mas e a PERSONALIDADE? Ganesha morreu com a cabeça que voou? O novo Ganesha é o EU do elefante? Importa notar/saber que na mitologia hindu aquilo que nos é mais profundo, a consciência em si (o Self da psicologia), não habita o cérebro, habita o coração. A troca/substituição/transformação da cabeça/mente não pode, de modo algum, alterar o que há de mais intimo e autentico, o EU, assim, o ato de Shiva muda só o que é superficial e transitório. Ganesha permanece intocado em tudo que lhe é próprio e mais intimo e, pelo contrário, torna-se capaz de apresentar-se na plenitude daquilo que ele é; é justamente neste ponto/ato que ele passa de um simples filho obediente (e um pouco teimoso) para uma das divindades mais cultuadas em toda a Índia.

      * Por que não a mesma cabeça? O ato de Shiva não foi uma violência contra o filho. Foi ato amoroso de um pai. É responsabilidade geral paterna (e mais uma vez lhes suplico. Não chamem vosso próximo de irmão. Todos são vossos filhos. Leia "Honrarás Teu Filho!") instruir; tomar para si o processo de amadurecimento intelectual e espiritual do filho, seja ou não consanguíneo (indica-se que Parvati gerou Ganesha espontaneamente, sem interação com Shiva).

Om Namah Shivaya

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