Cabeçalho

Há anos ocorrem ricos diálogos sobre Civilização Humana e Filosofia, Teologia, História e Cultura em geral! Tudo que possa interessar a alguém que espera da vida um pouco mais que outra temporada de BBB! Após diversos convites a tornar públicos estes diálogos, está feito! Quem busca uma boa fonte de leitura, por favor, NÃO VISITE este site. O que esperamos, de fato, é a franca participação de todos, pois não se chama “Outros Discursos”.

quinta-feira, 9 de setembro de 2021

O Pêndulo!

      No momento de oração de hoje Shiva me fez olhar a vela. Via de regra o calor da chama, maior no centro e menor conforme se afasta, causa mais derretimento na área central da parafina que nas bordas. Adicionalmente o pavio extrai o liquido, que sobe pela fibra em movimento capilar e é consumido pela chama. Este ato simultâneo de derreter e esvaziar cria uma concavidade. O alto da vela de transforma num tipo de caldeirão, com as bordas mais altas que o centro, contendo a parafina derretida como se fosse um pote.

      Eventualmente ocorre desequilíbrio no calor e o processo de derretimento fica mais rápido que o de consumo; a parafina derretida "transborda" da concavidade. Em momentos levemente mais raros (e foi um destes que observei hoje) o calor excessivo eleva o nível da parafina líquida para além do nível da borda, forma-se um tipo de gota (parece mais uma lente. Uma convexidade linda e transparente) que fica mais alta que a proteção externa mas não se derrama.

      Observando este novo (e ainda mais frágil) ponto de equilíbrio notei que um minúsculo ponto preto (fragmento carbonizado do pavio) mergulhara no líquido. Ocorre que o líquido não é estático. Existem "correntes" fluídas em ação ali. O calor central daquele "esquema" cria, bem no meio, uma corrente ascendente do líquido a qual, não podendo escalar o pavio, lança-se para fora, em todas as direções, em movimento centrífugo por cima, pela superfície, da "lente" de parafina. Perto da borda (e retida por ela) resfria-se a afunda, assim, entra em movimento centrípeto por baixo da lente.

      Agora lembre-se que, enquanto tudo isso acontecia, tínhamos o minúsculo ponto carbonizado. Se o meio não era estático, também não o era o ponto. Ele girava, em movimento pendular a partir do centro e para o centro. Emergia do líquido próximo ao pavio, escorria pela superfície rumo à borda, mergulhava e por baixo de tudo "nadava" de novo em direção ao centro.

      Shiva me chamou a atenção para os significados disto (e ainda me aponta outros enquanto escrevo):

* O movimento circular/pendular do ponto carbonizado representa as idas e vindas de nossa consciência rumo ao centro, que é Deus (qualquer deus. Todos os deuses).

* A bolha de parafina, em fragilíssimo equilíbrio, podendo desfazer-se a qualquer momento (ao transbordar ou ser inteiramente consumida pelo pavio e pela chama), representa este nosso mundo ilusório. Atenção: Ainda que ilusório, jamais desprezível. É aqui que nossas histórias se desenrolam e é para isto que este mundo foi feito. Desenrole-se!

* A substância do ponto é a mesma substância do pavio. Somos cinzas, fagulhas, fragmentos da divindade e a esta procuramos -consciente e inconscientemente, com maior ou menor eficácia, em maior ou menor tempo- reunirmo-nos. Fiat!

* Até o movimento de afastamento quando na superfície e de aproximação quando mergulhado trás significado. Passamos mais tempo na superfície ou na profundidade? Mergulhe!

* Depois de algumas idas e vindas o ponto aderiu ao eixo (grudou no pavio).  Conforme a vela queimar (este Universo seguir sua história atual) e a chama descer (o tempo passar) chegará um momento em que não será mais possível distinguir o ponto do pavio. Em seguida não poderá mas se distinguir o ponto da chama. Finalmente, não será mais possível distinguir a vela inteira da atmosfera. É o fim? Ou novo meio para novo tipo de universo. Novas histórias. Quisera eu poder saber onde aquele ponto está agora.

Escrito ao som de "A way of life" - Hans Zimmer (https://www.youtube.com/watch?v=Vp6_Rjxs9U8)

Nenhum comentário:

Postar um comentário