Hoje Shiva me apontou duas lições. A primeira, sobre nos Nagas, vou guardar para amanhã. O segundo, sobre o Japamala, compartilho agora.
O Japamala é um cordão de contas utilizado no momento de oração. Seria um rosário oriental (ou melhor, o rosário católico seria um japamala ocidental. rs). Tradicionalmente é composto de 108 contas e um marcador adicional cujo nome (acabo de pesquisar) é Meru.
Certa vez ouvi alguém dizer que o Meru representa o Mestre, o Guru (na pesquisa de hoje li que é o próprio Brahma. Se você prestar atenção notará que nada muda. rs), e por respeito não deve ser contado (não se deve passar por cima do mestre), ou seja, você dá a volta inteira no japamala e, alcançando o meru, retorna, dando nova volta no sentido oposto.
Shiva chamou minha atenção especificamente para este movimento. O ir até o Mestre (Guru, Brahma, Atma, Self, etc. Você escolhe) e retornar, em um movimento cíclico ou pendular. "Por que não nos retemos ao pé do mestre?", foi o que meu próprio mestre -Shiva- me perguntou.
Ora, é função do discípulo ir ao mestre, aprender o que estiver ao seu alcance compreender e retornar ao mundo (a grande volta no japamala em nada difere de samsara, a grande roda dos infinitos ciclos da vida ) para compartilhar, tornando-se ele mesmo o Meru de outras pessoas (todos nós somos sempre, simultaneamente, Mestres e discípulos trabalhando juntos para a emancipação espiritual do TODO). Retornamos ciclicamente ao mestre para nossa própria recuperação e mergulhamos uma vez mais em samsara por amor, compaixão e compromisso (e eis o voto e labuta representados pelo conceito budista de "bodsativa").
A mitologia hindu reforça (Shiva acaba de me alertar) que cada volta no japamala é um passo a mais no processo individual no praticante, assim, cada retorno ao mestre e novo mergulho em samsara não é uma repetição idêntica, mas um ato evolutivo, então, sob a aparência de movimento circular o que há, na realidade, é uma espiral ascendente.
Finalmente, Shiva me chamou a atenção de que não deixamos o mestre para um mergulho cego em um caminho tortuoso se sem retorno garantido. Há um "mapa". O mapa é o próprio japamala. Uma linha reta (disfarçada de círculo) que leva diretamente e infalivelmente ao mestre. Aderindo a mão (os dedos que manuseiam o japamala) ao cordão e a mente ao mantra (a repetição é uma meditação) colocamo-nos em sintonia com esta linha reta, segura e protegida. A vida vai ser fácil? Certamente não. Estamos desamparados neste caminho? Certamente não. Que Deus (qualquer deus. Todos os deuses) te acompanhem em sua própria roda/samsara e que você encontre seu próprio japamala como um mapa seguro de retorno ao Um.
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