Cabeçalho

Há anos ocorrem ricos diálogos sobre Civilização Humana e Filosofia, Teologia, História e Cultura em geral! Tudo que possa interessar a alguém que espera da vida um pouco mais que outra temporada de BBB! Após diversos convites a tornar públicos estes diálogos, está feito! Quem busca uma boa fonte de leitura, por favor, NÃO VISITE este site. O que esperamos, de fato, é a franca participação de todos, pois não se chama “Outros Discursos”.

quarta-feira, 14 de setembro de 2022

#Verborragia: Morte

Para entender o motivo da Verborragia clique aqui (Por favor Participe! É grátis e fará um [pseudo]autor muito feliz!).  A palavra de hoje é #Morte. Ontem mesmo (estou escrevendo na terça) havia lágrimas no meu local de trabalho, enquanto uma amiga narrava o falecimento prematuro da irmã; Curioso ser justo esta a palavra de hoje.

A Morte é uma coisa curiosa;

Dor imensa para quem fica;

Paz (supõe-se) para quem vai;

Agonia (quase sempre) para quem se percebe a caminho;

Indiferença, para alguns poucos corajosos (ou desavisados);

O que é a Morte?

Em uma perspectiva puramente materialista a morte é o encerramento das funções orgânicas de um certo indivíduo; o desligamento final e definitivo das máquinas; para o indivíduo em si é o nada, portanto, sem agonia, sofrimento ou saudade; também sem paz, alegria ou recompensa. Apenas nada. 

Em uma hipótese metafísica pressupõe-se que a morte seja a interrupção apenas do corpo, mas que a consciência, independente que é, segue jornada em outras paragens, inacessíveis às consciências deixadas para trás.

Não sendo meu papel fomentar ou minar qualquer sistema de crenças, convêm observar a morte exclusivamente daqui de onde estamos, ou seja, da perspectiva dos que ficam; aos que partem desejo boa viagem e solicito, se/quando possível, que deem notícias.

Para nós a dor da saudade é/pode ser excruciante; uma agonia imensa pela incapacidade de reverte a ausência. Passamos a vida toda experimentando ausências mas, por mais que sejam prolongadas ou complicadas, podem ser desfeitas a qualquer momento por uma visita, ligação ou mensagem. Num instante, porém, a existência esfrega na nossa cara uma ausência incontornável; nada de "até mais tarde", "te ligo depois" ou "nos vemos no domingo". Das lembranças que tenho de meus próprios momentos de perda isso era o que mais doía: em momentos periódicos, como contrações ritmadas, a saudade simples era substituída pelo imenso aperto da constatação ou lembrança da irreversibilidade da coisa; "Nunca mais" e ponto final.

Não pretendo confortar ninguém; nunca soube como fazê-lo; tenho hábito de me colocar à disposição de todos; ajudar (ao menos tento) com alguma palavra de conforto ou esperança amigos e estranhos; mas no luto me calo; não é indiferença (embora eu esteja certo que muitos avaliem assim); é a mais absoluta incapacidade de saber o que dizer; qual palavra pode dar ânimo àquele coração? Eu lembro de minhas dores e eu não queria palavras; Lembro, com profundo amor, de um amigo que me abraçou por uns dez minutos e disse apenas "Estou aqui!"; Aquilo eu nunca vou esquecer; um dia eu terei a sabedoria e alcance espiritual deste rapaz.

Independente de qualquer interpretação, a morte é sempre um "Adeus!", seja provisório, seja definitivo (conforme vosso sistema de crenças). Em qualquer uma dessas vias dói. Sobre a perda, tudo o que posso te dizer é SOFRA! CHORE! Se necessário, grite! A dor é real e necessária; viva-a. Viva este momento, mas não o abrace! A saudade é perene, mas o sofrimento não deve ser! É preciso que a vida siga e enterrar a si mesmo neste mausoléu de sofrimento nada acrescenta àquele que partiu; se você sofre é porque se amavam; se havia amor, honre o amor de quem partiu vivendo a vida feliz que ele certamente lhe desejava. Sofra por um momento, dance com o sofrimento se desejar, mas a música deve terminar e você deve se retirar deste "evento". Abrace o Amor e viva!

Sobre a morte dos outros parece-me que basta o que está acima. E sobre tua morte, o que devemos pensar? Sobre "minha" morte. Eu já fui ateu e perdi noites de sono com um medo alucinado de deixar de existir (não sou capaz de compreender como há quem encontre conforto nesta hipótese); eu já fui teísta e perdi noites de sono com um medo avassalador do céu (o inferno eu nunca temi; até quando eu era cristão eu intuía ser um conhecimento distorcido daqueles que o anunciavam; Leia Inferno); independente das noites que durmo ou que fico acordado, nada muda meu/teu destino: vou/vais morrer!

Poderia dizer "Se a morte é inevitável, deixemos de considerá-la e sigamos a vida!"; Discordo! A Morte é a verdade última que valida e dá sentido a tudo o que a precede; precisa ser observada com respeito e reverência, sem temor e sem desejo. Precisamos lembrar sempre dela (muito sábias as culturas que festejam o dia dos mortos; nosso dia de finados é uma balela) para recuperar a responsabilidade sobre nossos atos (leia Tarefa Difícil ); entre o nascimento e a morte há um oceano de encontros que precisam ser encarados com mais responsabilidade, ao mesmo tempo em que nos apegamos a coisas e situações que precisam receber menos atenção; 

Há aquelas pessoas que vão permanecer nas nossas vidas por longos períodos; cuidemos delas com atenção e carinho;

Há pessoas que vão passar brevemente, seguindo depois outros rumos e circunstâncias; não seja leviano (leia Honrarás Teu Filho );

Há situações que precisam passar a ser secundárias; não me leia errado; não devem ser negligenciadas, mas nas ocasiões que entram em conflito com o estar ou cuidar de alguém, podem ficar para outro momento.

No meu trabalho frequentemente me perguntam, antes de pedir ou perguntar algo, se estou ocupado; resposta: Se você for esperar eu estar tranquilo você nunca mais fala comigo.

Tenho problemas de gestão de tempo e acabo negligenciando algumas coisas em detrimento do cuidado das pessoas? SIM! Isso é bom? Não! eu nunca disse que sou mestre dos temas que proponho acima, tampouco na gestão do tempo; estou aprendendo. Aprendamos juntos. Viver é eternamente aprender; Vivamos!

Um comentário: