Cabeçalho

Há anos ocorrem ricos diálogos sobre Civilização Humana e Filosofia, Teologia, História e Cultura em geral! Tudo que possa interessar a alguém que espera da vida um pouco mais que outra temporada de BBB! Após diversos convites a tornar públicos estes diálogos, está feito! Quem busca uma boa fonte de leitura, por favor, NÃO VISITE este site. O que esperamos, de fato, é a franca participação de todos, pois não se chama “Outros Discursos”.

quinta-feira, 30 de dezembro de 2021

Mente Pequena

      O texto a seguir é um bônus (já que é o segundo no mesmo dia). Escrevo-o sob encomenda do meu filho; convite feito na tarde de ontem (29/12/2021). Meu pequeno Leo, treze anos, tem uma mente muito afiada; está o tempo todo fazendo perguntas (nem sempre confortáveis) sobre a sociedade, o mundo e a vida. Falávamos sobre política; também sobre sexualidade, gênero, etc.

      A pergunta que meu filho evocou era justamente "como essas pessoas (os conservadores, os puritanos, os bolsonaristas, etc.) pensam?"; o grande ponto é que vivemos em uma sociedade heterogênea; sete bilhões de formas diferentes de entender a si mesmo, a sociedade e o mundo. Um ambiente tão diversificado é ridiculamente simples para um menino de treze anos; ele olha ao redor, vê diferenças aqui, semelhanças ali, e segue a vida. "RIDICULAMENTE" é importante neste texto porque a realidade é ridiculamente simples, assim, é ridículo que não seja acompanhada/compreendida por determinadas mentes.

      Para o meu menino de trezes anos, sendo o mundo tão ridiculamente compreensível (tolerável, aceitável, respeitável, etc.), é absurdamente incompreensível a ideia da existência de mentes que não saibam lidar com esse mundo: mas elas estão aí. Como isso é possível?

      O mundo existe; as pessoas se movem nele pelos caminhos que lhes interessam (quando são minimamente livres para isso, é claro) e é meu papel, no mínimo, sair da frente. A menos que seja um ataque real, direto e intencional  contra a minha integridade (física, afetiva, etc.) não me cabe nenhuma outra ação a não ser "deixar seguir"; todos os direitos são do outro; todos os deveres são meus; e com isso "todos os deveres" são resumidos em "respeito". O que faz alguém, "nesta altura do campeonato" da história intelectual humana, achar DE VERDADE que é dever do outro se adequar ao seu tosco e minúsculo manual interno de verdades?

      Meu filho, me perdoe. Não sou capaz de responder. Não sou capaz de compreender. Eu(nós) precisaria(mos) ser capaz(es) de reduzir minha(nossa) própria mente à diminuta estatura intelectual desta gente para, talvez, por identidade, compreender-lhes os meios, métodos e motivações; não sou(mos) capaz(es) de tamanha auto depreciação.

      Não é simples questão de estudo, acesso ao conhecimento, acesso à informação; há pessoas mais simples mas há gente formada; gente que lê jornais religiosamente (eu não leio jornal), vai ao cinema, escuta Pink Floyd, debate com terceiros e, mesmo assim, retorna ao travesseiro tão vazia e incapaz quanto começou o dia.

      O que torna uma mente pequena? Ou o que a impediu de crescer? Não raro passou pelos mesmos caminhos que nós e mesmo assim terminou tão diferente.

      Ao mesmo tempo, enquanto releio este texto para encontrar um fio para o desfecho (é mais difícil quando eu não sei a resposta a priori), penso em ocasiões nas quais eu mesmo fui pequeno, movido por momentos de ignorância, preconceito e/ou mesquinhez.

      Façamos aqui, portanto, um trato: Enquanto eu não sou capaz de compreender/explicar a mente pequena redobremos nossos esforços para conter/mitigar nossos próprios momentos de pequenez. Já tem gente demais do lado de lá! Não precisam de reforços!

Nenhum comentário:

Postar um comentário