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Há anos ocorrem ricos diálogos sobre Civilização Humana e Filosofia, Teologia, História e Cultura em geral! Tudo que possa interessar a alguém que espera da vida um pouco mais que outra temporada de BBB! Após diversos convites a tornar públicos estes diálogos, está feito! Quem busca uma boa fonte de leitura, por favor, NÃO VISITE este site. O que esperamos, de fato, é a franca participação de todos, pois não se chama “Outros Discursos”.

quinta-feira, 30 de dezembro de 2021

#Verborragia: Pertencer

      Para entender o motivo da "Verborragia" por favor leia o início do texto "Inclusão". A palavra do dia é #Pertencer. Vivemos uma época na qual se constrói um horror (não infundo) contra a ideia de posse. Apoio! Não somos -não devemos ser- de ninguém. O problema é que ampliamos a ideia exageradamente e, com isso, perdemos toda a beleza que o pertencimento pode ter/ser.

      Segundo a Srta. "Ok Google" (assistente), "pertencer" é "ser membro ou parte um um determinado grupo, organização ou classe.". Agradou-me a escolha desta definição entre tantas outras possíveis. É obvio que em consulta ao dicionário encontraríamos diversas opções mais aproximadas da ideia de "propriedade" que tanto assustam (repito, não sem razão) nossos contemporâneos. Não é o pertencimento que te/nos assusta, é a posse; a experiência nos ensina, um a um, nas vidas que levamos ou das pessoas que nos são próximas, que boa parte do sofrimento nos relacionamentos deriva da ideia de posse. Uma pessoa se entende como dona da outra e, com isso, evoca o direito de controlar atitudes, companhias, até mesmo ideias e valores. A outra, conforme cada nível de maturidade, se entrega mais ou menos, cede mais ou menos, e acaba alimentando a visão deturpada da primeira. Sentir-se dono de alguém, aceitar-se propriedade de alguém, é, no mínimo, um modo leviano de viver um relacionamento. É, via de regra, uma deturpação insustentável da forma de viver e lidar com as pessoas e, invariavelmente, termina em desastre (com sorte apenas o afastamento).

      O interessante (e eis o ponto que desejo defender) é que se formos maduros o suficiente para superar as ideias e visões de propriedade (seja as que sofremos, seja as que praticamos) não iremos (felizmente) transcender o pertencimento (lido aqui rigorosamente como a definição que a Srta. "Ok Google" escolheu). Superada a posse resta a identidade. Na mesma medida em que me identifico com o outro vou, progressivamente, sem exigências nem cobranças, me entregando (e integrando) ao "grupo" que iremos formar juntos. Podemos ser uma dupla (achei "dupla" mais adequada que "casal"), um grupo mesmo (de amigos, colegas de trabalho, de estudos, etc.), uma associação, uma família, uma banda,  etc. Tanto faz. Estamos estudando todos os tipos de relacionamentos, não necessariamente os românticos.

      Curiosamente ainda há entrega maior ou menor;  a gente ainda cede mais ou menos, exatamente como na descrição da propriedade; então o que mudou? No processo de ajuste (ceder) no relacionamento baseado em propriedade o que está em movimento é o conflito entre as exigências de um e as fragilidades do outro; é uma disputa por território; no relacionamento baseado em pertencimento os ajustes são um ato caridoso, amoroso, de empenho mútuo pelo sucesso do próprio relacionamento. A diferença é, paradoxalmente, sutil e evidente.

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