#Verborragia: Fajuto

      Para entender o motivo da "Verborragia" por favor leia o início do texto "Inclusão".

      A palavra do dia é de fácil reconhecimento, simples compreensão. Talvez não seja das mais utilizadas na atualidade, mas é certo que quase todos sabem de antemão o que exprime.

      "Fajuto" é aquilo ou aquele que tem qualidade duvidosa e, por isso mesmo, não merece confiança. Quem dera fosse fácil reconhecer com antecedência o "ser fajuto" de tudo que fosse fajuto: pouparia tempo, dinheiro, saúde emocional, em muitos aspectos da vida.

      Resolveria a vida, por assim dizer, pois a técnica não se restringiria a objetos, a aplicaríamos nas escolhas profissionais, nas eleições. A mundo seria um paraíso de paz e prosperidade.

      Preciso relembrar, por outro lado, que tal técnica é impossível. Não nos é facultada a capacidade de conhecer a qualidade final e completa de tudo e de todos, sendo algo que temos que avaliar com o tempo. Preciso alertar, ainda, que a restrição que acabo de evocar não é universal. Há um ente no qual podemos detectar cada traço de "fajutice" com absoluta antecedência e, caso tenhamos o mínimo de sinceridade e boa vontade, tomar medidas rápidas e eficazes para mitigá-los: Este ente é o "Eu".

      Não vou entrar nas fragmentações conceituais de "ego e self", tampouco nas transcendentais de "mente e consciência". Pouco importam aqui. Você pode chamar o seu "ser no mundo" de "jaca" e o seu "eu mais profundo" de "bacon" que continuamos no mesmo ponto: somos altamente fajutos; somos treinados e condicionados a sê-lo; somos punidos se tentar outra via.

      Recapitulando: fajuto é algo de má qualidade; algo não confiável; há coisas e entes fajutos no mundo e isso é um problema para nós; você é fajuto em muitos aspectos e, por isso, um problema para o mundo; você não tem meios mágicos de filtrar o que é fajuto fora para ajustar o "fora"; VOCÊ É E TEM O MAIS EFICIENTE MÉTODO DE DETECTAR O QUE É FAJUTO EM VOCÊ; AJUSTE-SE parceiro!!!

      Você consegue entender que tudo o que te machuca na vida (TUDO mesmo: uma pessoa que foi leviana com teu coração, uma aula mal dada, a pobreza decorrente de governantes inábeis, música que fere os ouvidos, carne que deu dor de barriga, o carro que bateu, o médico que não tratou, o remédio que não curou, etc., TUDO) deriva da rejeição crônica, ampla e insistente de cada indivíduo deste planeta em rejeitar sua responsabilidade pessoal de avaliar e contornar o que há de fajuto EM SI (não nos outros), tal qual você mesmo está fazendo enquanto, internamente, rejeita este texto? As reações são "o que eu ganho com isso?", "Andorinha sozinha não faz verão", "por que eu?", "Que preguiça!", "Que chatice!", "Não tenho saco para moralismo!", "Nasci assim!", Etc.

     Meu querido amigo, nada de moralismo aqui, Nem religião, nem ameaça ou castigo. Convido-o à maturidade. Interrompa o ciclo vicioso de ser e tornar Fajuto que te cerca, ainda que teu vizinho não o faça. Vai ganhar algo? Provavelmente não. Mas talvez o filho do vizinho se comova e, anos mais tarde, venda algo não fajuto ao seu; talvez seu aluno se inspire e dê um salário justo aos funcionários no futuro; talvez o padeiro se envergonhe e dê o troco certo na próxima; talvez o candidato seja atingido e não se venda no esquema; talvez nada disso. É uma aposta. Gosto de jogos. "All in" aqui, parceiro.

       É uma mágica? "Puff", você detecta e ajusta tudo imediatamente e definitivamente? Claro que não. É um processo. Você vai conseguir e vai falhar, vai avançar e retroceder. A chave aqui é o tempo e a persistência. Você já viu um gráfico de avanço de preço de ações na bolsa? Imaginemos uma ação que teve um resultado final positivo. O que isso significa? Se você pegar o gráfico de um longo período de tempo observará uma alternância ininterrupta de subidas e quedas (algumas dessas assustadoras); Uma montanha russa, porém, AO LONGO DO TEMPO, você consegue perceber que nessa sucessão de picos e vales está escondida uma tendência ascendente, ou seja, essa bagunça toda termina em um nível superior àquele no qual começou. Nosso processo é (deve ser) este: mesmo com recaídas, criar uma tendência positiva de tornar-se "Não Fajuto!".